Capítulo 25 - Enquanto isso, sem o conhecimento da Bruxa, uma Conexão Misteriosa se Formou




Um mês se passou desde o início da debandada. A primeira onda de monstros assolou os países, deixando um rastro de destruição em cada vila e cidade que encontraram. Com o passar do tempo, porém, a horda enfraqueceu. Seus números diminuíram à medida que cobriam mais território, muitos deles interceptados e mortos pelos soldados e aventureiros estacionados nas fronteiras nacionais.
Ao mesmo tempo, a segunda onda começou, com mortos-vivos saindo da masmorra agora destruída e se espalhando em todas as direções, espalhando miasma nocivo por onde passavam e aterrorizando os monstros da primeira onda. Alguns deles optaram por se esconder nos Covis dos Demônios e esperar o exército de mortos-vivos passar, enquanto outros não tiveram esse luxo e não tiveram escolha a não ser fugir continuamente. Eles correram por montanhas e ravinas, desafiando terrenos perigosos que os mortos-vivos não ousavam atravessar, e até conseguiram penetrar nas linhas defensivas de certos países.
Como se pode imaginar, esses monstros estavam absolutamente famintos após uma perseguição tão selvagem — por comida e mana. Motivados por seu instinto de sobrevivência, eles atacaram vila após vila na região. Acontece que Gash — também conhecida como a Cidade do Sabão — uma pequena cidade em um canto de Ischea, estava prestes a enfrentar um desses ataques de monstros.

| Caçador | [Monstros chegando! Todos, corram e se refugiem dentro das muralhas internas!]
| Caçador | [São muitos! Recuem!]

Após serem avisados por um grupo de caçadores sobre a ameaça dos monstros que se aproximava, o corpo de vigilantes da cidade soou o alarme e pediu a todos que se escondessem. O corpo de vigilantes e os caçadores planejavam lutar contra a horda pelas muralhas externas, mas os monstros forçaram a entrada, empurrando o grupo de volta para a fortaleza, lutando com unhas e dentes para proteger a cidade, apesar do espaço limitado que tinham para trabalhar.

| Menino | [Bisavó, você está bem?], perguntou um menino a uma senhora idosa.

Todos os civis foram obrigados a se refugiar no celeiro mais resistente da cidade.

| Bisavó | [Estou bem, pequeno. E você também não precisa se preocupar: estas muralhas foram construídas por uma maga muito poderosa; nenhum monstro desde então as derrubou. Elas não cairão tão facilmente]

A velha havia se mudado para a vila quando ela ainda estava em processo de recuperação; ela tinha plena fé nestas muralhas. Elas não haviam desenvolvido uma única rachadura, mesmo depois de sessenta anos.
Enquanto isso, os monstros haviam alcançado as muralhas internas, prontos para derrubá-las tão habilmente quanto as primeiras.

| Caçador | [Protegeremos os outros!], disse um dos vigilantes. [Não deixaremos esses monstros fazerem o que bem entendem!]
| Caçador | [Atirem neles de cima! Cuidado para não caírem!]

As muralhas não se moveram, então o corpo de vigilantes e os soldados tiveram tempo de preparar seu contra-ataque, atacando os monstros de cima com suas armas de haste. Lentamente, mas com segurança, eles conseguiram reduzir o número de inimigos. Mas, depois de meio dia de luta, estavam se desgastando e suas armas começavam a quebrar. Além disso, era apenas uma questão de tempo até que os monstros caídos, amontoados contra a muralha, formassem uma rampa adequada.
O corpo de vigilantes e os caçadores estavam começando a perder as esperanças quando, de repente, o flanco direito dos monstros começou a ruir.

| Aventureiro | [Todos! Eliminem-nos e protejam a vila!]
| Aventureiros | [[[[Sim!]]]]

O corpo de vigilantes e os caçadores só puderam assistir, em choque e espanto, enquanto um grupo de aventureiros chegou de fora da vila e começava a devastar os monstros. Ficaram particularmente surpresos ao ver uma jovem lutando entre eles. Ela veste uma armadura leve e brande um machado de mão, que brilha com um brilho branco-azulado cada vez que o brandia.



| Jovem | [Aaah, são muitos!] exclamou ela após cortar a cabeça de alguns monstros. [Ó poderosa Terra, concedo meu mana a ti; use-o para atravessar meus inimigos. 《Agulha de Terra》!]

Inúmeros espinhos brotaram do chão, empalando seus alvos. Os aventureiros não demoraram muito para limpar tudo depois disso.

| Prefeito | [Muito obrigado, estimados aventureiros], disse o prefeito da cidade ao vir cumprimentar os aventureiros. [Como podemos retribuir o que fizeram pela nossa cidade?]
| Jovem | [Vocês não precisam nos pagar nada, não se preocupem!], garantiu a garota, com um sorriso no rosto. [Fomos contratados para proteger as vilas ao longo da fronteira da debandada], ela mostrou ao prefeito a carta e o contrato que recebei quando assumiram a missão.

| Prefeito | [Hum... Se me permite, você é uma anã?] perguntou o prefeito, tomado pela curiosidade.
A garota assentiu. [Sim! Sou Arim, uma aventureira classe C e a líder deste grupo!]

O prefeito não pôde deixar de ficar surpreso e impressionado ao descobrir que uma garotinha tão pequena é uma aventureira de verdade. Quando perguntou o que a trouxe até Ischea, Arim explicou que ela e o resto do grupo eram originários de Lawbyle e estavam visitando Gald depois de ouvir rumores sobre alguns demônios muito fortes que ocasionalmente entregam mercadorias na cidade Vil. Como aventureiros, eles naturalmente querem testar suas habilidades contra esses demônios. Foi então que a notícia da mensagem divina da Leriel os alcançou, e eles se voluntariaram para entregar suprimentos de emergência para Ischea. Lá, aceitaram a missão de patrulhar as vilas perto da fronteira e garantir que estivessem seguras.

| Prefeito | [Entendo. Então é assim], disse o prefeito com um aceno de cabeça.

Após o término da conversa, os aventureiros foram recebidos com uma enxurrada de perguntas dos aldeões.

| Aldeã | [Você é tão jovem, mas já é classe C? Você deve ser muito forte!] disse uma delas a Arim, que riu sem jeito.
| Arim | [Posso não parecer, mas já sou adulta], ela confessou.
| Aldeã | [O que é aquela luz branco-azulada que sai do seu machado toda vez que você mata um monstro? Sua arma é mágica?], perguntou outra aldeã.
| Arim | [As pessoas da minha cidade natal a forjaram para mim como um presente de despedida], explicou ela.

Os aldeões convidaram a Arim e seus companheiros para jantar com eles e, com o álcool soltando sua língua, a anã se viu contando a eles sobre sua vida. Quando era pequena, foi sequestrada por um grupo de bandidos que queriam vendê-la e às outras crianças de sua cidade como escravas. Mas então as duas aventureiras que estavam em sua cidade vieram salvá-los e derrotaram todos os bandidos. Arim decidiu naquele momento que ela também queria se tornar uma aventureira. Suas duas heroínas concordaram em ajudá-la a treinar, mas apenas por seis meses antes de retomarem suas viagens. Arim continuou praticando o que lhes ensinaram mesmo depois que partiram, e quando ela teve idade suficiente para morar sozinha, mudou-se para uma cidade maior e se registrou como aventureira.

| Arim | [Eu ainda visito minha cidade natal com frequência, trazendo para meus amigos e familiares todos os tipos de tesouros das minhas viagens], explicou ela.

Seu principal objetivo é restaurar a antiga glória de sua cidade natal, então ela passa a maior parte do tempo procurando bugigangas interessantes que os outros anões possam usar em seus artesanatos.

| Arim | [E quando eu parti definitivamente depois de chegar a classe C, eles me deram este machado de mithril], concluiu ela, olhando suavemente para sua arma.

Ao descobrirem que o machado da Arim é feito de mithril — um dos metais mágicos mais raros do mundo — os aldeões soltaram um [Wow] coletivo.

| Aldeã | [Posso tocar?], perguntou um deles à garota.
| Arim | [Ah, não, me desculpe. Este machado de mão tem uma história um pouco, digamos, complexa]

Ela explicou aos aldeões que seu machado de mão havia sido feito de uma espada amaldiçoada. O ferreiro que fez a espada estava tão obcecado com a ideia de se tornar a pessoa mais poderosa do mundo que misturou seu próprio sangue ao material.

| Arim | [Aquela espada amaldiçoada drenava o mana da pessoa que a empunha, o que a torna temporariamente mais forte. Mas quando o mana acaba, a espada ataca sua energia vital e não para de absorvê-la até que tudo o que restee deles seja pele e ossos], explicou Arim.

Isso provocou um grito de horror dos aldeões.

Arim se deleitou com a reação da multidão à sua história assustadora, com um sorriso satisfeito nos lábios enquanto tomava um gole de sua bebida. [Mas não há nada com que se preocupar. Aquelas aventureiras que me salvaram quando fui sequestrada purificaram a espada para que ela não fizesse mais vítimas, o que a fez se partir ao meio. E anos depois, os ferreiros que fabricaram meu machado de mão decidiram fundir a espada com mithril para tornar minha nova arma ainda mais especial]

As histórias da Arim eram tão interessantes que permitiram que os aldeões relaxassem e se distraíssem do ataque dos monstros que sua cidade acabou de enfrentar. No final da noite, enquanto todos terminavam de comer, Arim se esgueirou sozinha para examinar a muralha interna da cidade.

| Prefeito | [Senhorita Arim, você está curiosa sobre aquela muralha?], perguntou o prefeito à anã.
| Arim | [Sim. Pelo que os aldeões nos disseram, ela existe há algum tempo. É isso mesmo?], perguntou ela, olhando para a muralha de barro.
O prefeito assentiu. [Dizem que ela foi construída por uma maga poderosa para proteger nossa aldeia de ameaças externas. Apesar de ser feita de barro, nunca mais ruiu]
| Arim | [Eu também sou usuária de 【Magia de Terra】, mas isso parece... diferente. Não parece uma 【Magia de Terra】 comum], disse Arim.
| Prefeito | [O que você quer dizer com isso?]

A anã apoiou a mão na parede e tentou seguir sua assinatura de mana. Parece levar à floresta ao lado da cidade.

| Arim | [Acho que esta parede é tão forte porque a pessoa que a conjurou despejou uma grande quantidade de seu próprio mana nela. Mas já deveria ter acabado há muito tempo; a parede já deveria ter desmoronado]

O prefeito inclinou a cabeça para o lado, confuso. [Então você acha que ainda há vestígios do mana daquela maga misteriosa na muralha?]
| Arim | [Não. O mana da muralha está sendo reabastecido por espíritos], respondeu Arim.
| Prefeito | [Espíritos?!], o prefeito ofegou.
| Arim | [Há espíritos da terra e da grama na floresta], continuou a garota. [Parece que eles estão redirecionando o mana para a muralha para mantê-la de pé. Não é nenhuma marca contra você que você não tenha notado; nós, anões, temos faro para esse tipo de coisa]

Ninguém na cidade sabia, mas esses espíritos tinham nascido quando a Chise e a Tet cultivaram plantas de sabão para ajudar a cidade décadas atrás... embora tenha sido um completo acidente. Os pequenos espíritos ficaram mais fortes lentamente depois de serem soltos na floresta e usaram parte do próprio mana para sustentar a muralha que suas 【mães】 haviam construído. Claro, nem a Arim nem o prefeito sabem de tudo isso, mas ele ainda ficou comovido ao saber que espíritos protegeram sua aldeia o tempo todo.

| Prefeito | [Muito obrigado por me contar tudo isso], disse ele. [Certificarei-me de agradecer aos espíritos da floresta pela proteção durante o nosso próximo festival]
| Arim | [Fazemos oferendas aos espíritos do fogo na minha cidade natal. Posso te ensinar como agradecê-los corretamente!], ofereceu Arim.

Após a conversa, os dois retornaram à festa improvisada, onde o prefeito contou aos outros aldeões sobre os espíritos, o que gerou grande entusiasmo na multidão. Enquanto isso, os espíritos da terra e da grama observavam os aldeões da floresta, encantados por vê-los se divertindo tanto.
Todos conhecem a Chise e a Tet, mas nenhum deles sabe da conexão dos outros com a bruxa e sua guardiã. Só o destino conspirará para uni-los agora.
Quando as festividades terminaram, Arim foi investigar a montanha de onde os monstros haviam surgido e encontrou o caminho que eles haviam tomado para a vila. Para garantir que uma situação semelhante não se repetisse, ela instalou uma pedra de barreira que recebeu da igreja e que afastará qualquer monstro que se aproximar. É muito mais eficiente do que repelentes comuns de monstros, o que significa que a vila estará a salvo de ataques de monstros por alguns meses, se as deusas quiserem.

Com o trabalho concluído, Arim e seus companheiros se prepararam para seguir para a próxima vila. Antes de partirem, porém, os aldeões insistiram em dar-lhes um pouco de sabão produzido localmente, bem como uma escultura em madeira do perfil de uma mulher chamada 【Deusa da Vila Pioneira】 — em outras palavras, Chise. Nos sessenta e poucos anos que se passaram desde que a Chise ajudou a reconstruir a cidade, os habitantes da cidade começaram a se esquecer de sua aparência; quanto mais tentavam reproduzir seu rosto, mais se distanciava de sua aparência real.

| Arim | [Essa deusa se parece um pouco com a Chise, não é?], Arim refletiu.

Apesar das discrepâncias, Arim conseguiu ver a semelhança — embora não soubesse que o retrato era de Chise, para começo de conversa. Faz muitos anos desde que ela viu suas salvadoras pela última vez, mas uma coisa é certa: ela nunca esquecerá a aparência delas.




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