Capítulo 3 - Hora do Piquenique
No dia seguinte, depois de terminar nossas tarefas matinais, nos preparamos para o passeio. Para o almoço, preparei o que sempre comemos: carne de javali cozida doce e salgada em sanduíche de pão achatado, que é minha versão de um hambúrguer de barriga de porco taiwanês.
Se ao menos eu pudesse colocar as mãos em ovos de galinha... Eu seria capaz de expandir nosso menu. Mas, novamente, quem sabe se os ovos neste mundo são seguros para comer? Mesmo na Terra, havia algum risco envolvido em comer ovos moles — a salmonela às vezes espreita em ovos crus, mas pode ser morta ao aquecê-los acima de setenta graus Celsius. Enquanto houver um método semelhante para lidar com as espécies bacterianas aqui, eu gostaria de tentar fazer alguns pratos com ovos. Infelizmente, no momento, não adianta lamentar o que eu não tenho.
Depois de preparar os sanduíches, enchi nossas bolsas de água com chá de menta. Então, coloquei tudo em um saco. Como passaremos o dia todo na floresta, trocamos de roupa para nos movimentarmos facilmente.
Só por segurança, Helen e eu colocamos nossas espadas curtas, Rike trouxe uma lança e as outras três colocaram seus arcos nos ombros. Armados como estamos, imaginei que ficaremos bem mesmo se encontrarmos um pouco de perigo. As especificações de combate do nosso grupo também são bem altas...
| Eizo | [Vamos indo?] Perguntei a todas e recebi um coro de [[[[sim!]]]] em troca.
Saímos da cabana. Verifiquei se estamos todos do lado de fora antes de fechar e trancar a porta.
Krul estava nos esperando, se mexendo inquieta. Eu a contei sobre o plano ontem, mas é uma incógnita se ela realmente tinha me entendido ou se ela tinha apenas adivinhado o que estávamos fazendo depois de ver as outras.
De qualquer forma, ela é uma garota inteligente. Aparentemente, eu também sou um pai um pouco amoroso.
Dei a Krul a bolsa contendo nossa comida e suprimentos diversos para que ela pudesse carregá-la. Não levaremos o mini carrinho porque ele faz barulho, e eu não tenho certeza de quanto abuso ele aguentará. Em momentos como esses, Krul carrega coisas em volta do pescoço, e eu amarrei a bolsa a ela com um pedaço de corda.
Seis porções de comida e água (ou, neste caso, chá) deveriam ser pesadas, mas a Krul não pareceu incomodada com o fardo.
| Samya | [Obrigada por carregar tudo, Krul], disse Diana. [Estamos contando com você]
Krul respondeu com um alegre, [Kuluuu]
Nós sete — seis pessoas e uma dragonete — partimos para a floresta. Raios de sol brilhavam através de brechas na folhagem como holofotes. Fiquei feliz pelo clima agradável.
Falando em clima...
| Eizo | [A estação chuvosa está começando em breve?], eu perguntei.
| Samya | [Acho que sim. Pelo que posso dizer, vai começar por volta da semana que vem. Definitivamente, no máximo um mês], respondeu Samya. [Vai ser longo, eu acho]
Eu sei que posso confiar na avaliação dela, já que ela morou aqui a vida toda (até onde eu sei).
| Eizo | [Hmmm, talvez devêssemos parar nossas entregas quando as chuvas chegarem], eu pensei.
Sempre podemos comprar lona na nossa próxima viagem à cidade e fazer um dossel para a carruagem. No entanto, há um problema com esse plano: Krul ficará exposta à chuva. O melhor que podemos fazer é costurar uma capa de chuva para ela, mas isso não ajudaria muito.
Temos um pé-de-meia grande o suficiente para não precisarmos raspar para economizar dinheiro. Contanto que não estejamos causando nenhum inconveniente ao Camilo, eu prefiro evitar viagens de longa distância durante a estação chuvosa, mesmo que sejam apenas para a cidade.
| Diana | [Provavelmente seria o melhor], concordou Diana.
| Rike | [Temos matéria-prima, comida e suprimentos suficientes também], acrescentou Rike.
| Eizo | [Então, está decidido], eu disse. Esse também é meu resultado preferido. Eu não sei se o Camilo protestará... mas, bem, eu tenho certeza de que dará certo de um jeito ou de outro.
Estávamos vagando pela floresta por cerca de uma hora quando a Lidy exclamou, [Meu Deus!] e correu para frente animadamente.
O resto de nós correu para segui-la. Nós a alcançamos um pouco mais à frente e encontramos a Lidy agachada e vasculhando um pedaço de terra coberto de hera.
| Eizo | [Algo chamou sua atenção?] Eu perguntei.
Lidy assentiu e me mostrou o que ela havia forrageado. [Esta é uma espécie extremamente valiosa de cogumelo]
Embora seja cedo, o cogumelo que ela está segurando emite um brilho fosforescente fraco. No meu mundo anterior, havia um tipo de cogumelo chamado cogumelo do luar, mas seu brilho é muito fraco para ser visto à luz do dia. Se esse cogumelo é luminescente o suficiente para ser visto quando há luz, quão brilhante ele deve ser à noite?
| Liddy | [Ele pode ser fervido e bebido como um chá, e é eficaz contra vários tipos de doenças. Mas você tem que secá-lo primeiro], Lidy explicou.
| Eizo | [Sério?], eu perguntei. [Útil], ela assentiu novamente.
Agora eu entendo por que ela estava com tanta pressa para desenterrá-lo. É uma mercadoria boa demais para deixar passar. Colher cogumelos como um amador geralmente significa desastre, mas Lidy é uma elfa e moradora da floresta de longa data, então não há como ela cometer um erro, certo?
Certo...?
Samya franziu os lábios. [Eu nunca tinha ouvido falar disso antes], o fato de haver uma espécie que ela não conhece deve ter ferido seu orgulho como um povo-fera da Floresta Negra.
| Liddy | [Eles são parasitas dessa espécie específica de hera, e só brotam antes da estação chuvosa], disse Lidy. [Eles se dissolvem quando ficam molhados]
O que as pessoas geralmente pensam como cogumelos são na verdade apenas os corpos frutíferos dos fungos, que são análogos às flores e frutos das plantas. O equivalente fúngico do caule e das raízes de uma planta é o micélio, que forma uma vasta rede sob a terra. O micélio do cogumelo que a Lidy havia encontrado provavelmente invadiu as videiras da hera para tirar seus nutrientes diretamente da planta.
No entanto, isso pressupõe que os cogumelos aqui são organismos semelhantes aos do mundo que eu havia deixado para trás.
| Helen | [Vocês, elfos, são tão espertos quanto dizem os rumores], elogiou Helen.
A franqueza da Helen não pareceu incomodar a Lidy, mas ela se encolheu de vergonha por ter sido elogiada.
Acontece que o cogumelo é tão raro quanto a Lidy havia alegado — vasculhamos a área, mas no final não encontramos mais nenhum.
Independentemente disso, encontrar até mesmo um foi um golpe de sorte. Não teremos que nos preocupar tanto com alguém ficando mortalmente doente, já que, aparentemente, ele pode ajudar a tratar uma variedade de doenças. Vivendo no meio da floresta como nós, uma emergência pode se tornar séria porque qualquer ajuda provavelmente chegará tarde demais...
Atualmente, os sistemas médicos neste mundo não podem ser comparados aos da tecnologia na Terra. Ter os medicamentos apropriados em mãos pode fazer toda a diferença.
De repente, lembrei-me de outra pergunta que tinha sobre doenças e perguntei ao grupo: [Existe alguma magia de cura?]
Informações detalhadas sobre magia não vieram com meus dados instalados. Anteriormente, eu tinha testemunhado a Lidy lutando contra um goblin usando magia, mas até hoje, eu ainda não sei exatamente quais feitiços ela tinha usado.
Como nossa especialista em magia residente, Lidy respondeu, [Existe. Um bom número de pessoas consegue realizar os feitiços básicos]
| Eizo | [Básico como... curar uma febre?]
| Liddy | [Isso mesmo. Até eu consigo curar dores de cabeça e febres baixas]
| Eizo | [Sério?!], eu exclamei.
Lidy assentiu.
Na minha vida anterior, eu frequentemente sofria de dores de cabeça tensionais (um risco ocupacional do trabalho de mesa junto com ombros rígidos). Eu estou profundamente com inveja de que ela tenha uma habilidade tão útil.
| Liddy | [Meus poderes são limitados], ela continuou.
Lidy não consegue curar doenças sérias sozinha. É quando o cogumelo e outras ervas medicinais vêm a calhar. Em outras palavras, depois da magia vem a medicina.
| Diana | [Há curandeiros na capital que podem tratar dores de cabeça e de estômago], Diana acrescentou, [mas seus honorários são caros]
Como convém à capital.
| Eizo | [Quão caro?], eu perguntei.
| Diana | [Para uma dor de cabeça? Talvez uma de ouro?]
Eu soltei uma risada irônica. [Sim, isso vai custar muito]
Isso é mais do que recebemos por entrega. O preço possivelmente vale a pena para uma dor de cabeça realmente forte, mas você não chamaria esse tipo de curandeiro regularmente. É proibitivamente caro, mesmo para nobres com curandeiros residentes.
| Diana | [E é por isso que normalmente você usaria uma erva ou algo assim], Diana concluiu.
| Eizo | [Faz todo o sentido]
Quase imediatamente após vir a este mundo, consegui encontrar algumas ervas para aliviar a febre. Se ervas eficazes estivessem tão prontamente disponíveis, então elas seriam, sem dúvida, a opção de tratamento mais barata.
Parece que os curandeiros neste mundo são um híbrido de magos e herbalistas.
| Liddy | [A-ali], Lidy deixou escapar antes de disparar novamente. Seu alvo dessa vez não é algum tipo de fungo crescendo perto de hera, mas um pedaço de plantas frondosas. [Esta erva é eficaz contra dores de estômago], ela disse, arrancando as folhas cuidadosamente.
A erva que ela me mostrou é levemente vermelha. Eu não tinha visto nenhuma pela cabana.
Valeu a pena vagar mais longe hoje.
| Eizo | [Podemos cultivá-la em nosso jardim?], eu perguntei.
| Liddy | [Acredito que sim], ela respondeu.
| Eizo | [Então, devemos trazer dois cachos?]
| Liddy | [Sim], ela disse com um pequeno aceno de cabeça.
Peguei um pano velho e barbante do saco com nossos bens diversos. É apenas uma erva, mas eu ainda sentirei pena se não a levarmos para casa com o devido cuidado.
Rike, Samya, Helen e eu usamos nossas facas para desenterrar as plantas. Nós então as enrolamos gentilmente com o pano, prendemos os fardos com barbante e os penduramos no pescoço da Krul.
| Eizo | [Os despojos de guerra], eu disse.
[Kuuu], Krul respondeu, se contorcendo alegremente.
Eu brevemente me preocupei que ela deixaria cair as ervas, mas meus medos foram infundados. Sua agitação não fez os fardos se desfazerem nem a sujeira caiu. Nesse caso, imaginei que não deveria ter que me preocupar com ervas desaparecendo enquanto não estivermos prestando atenção, mesmo depois que a Krul começou a andar.
Os dois buracos onde havíamos cavado as ervas são como armadilhas naturais. Um animal com pressa (ou um homem-fera ou um humano) poderia muito bem tropeçar neles, então os enchemos de novo só por precaução. Eu não conseguiria dormir tranquilo de outra forma.
Continuamos nossa caminhada tranquila pela floresta ao som do canto dos pássaros e do farfalhar do vento, conversando sobre coisas bobas. Parece que estamos indo para um piquenique ou para uma aventura, uma atmosfera que atiçou as brasas do meu lado machista.
Nem preciso dizer que nossa realidade está longe de ser idílica, estamos passeando por um território perigoso.
Mas temos a Samya, que é uma caçadora veterana desta floresta, Lidy, que tem um amplo conhecimento sobre a flora deste mundo, e a Helen, que é a força motriz da nossa ofensiva. Eu também não sou desleixado no campo de batalha. Assim, fomos atraídos para uma falsa sensação de segurança.
Isso mesmo.
Falsa.
Subtamente, Samya parou de repente, sua expressão cautelosa. Ela notou a atmosfera enervada ou sentiu que nosso relaxamento havia levantado a bandeira proverbial?
Krul também parou, virando a cabeça para um lado e para o outro. O fato de ambas terem parado simultaneamente com expressões de cautela correspondentes é um sinal de que algo perigoso está vindo em nossa direção.
As outras imediatamente perceberam a atmosfera tensa. Todos nós rapidamente levantamos e preparamos nossas armas.
As pupilas dos olhos dourados da Samya encolheram para pontas, o que é a prova de sua apreensão. Ela preparou uma flecha enquanto mordia, [Há um urso preto vindo em nossa direção. Desculpe por não ter notado antes, Eizo. Estamos contra o vento]
Se a Samya não tivesse notado que nosso visitante indesejado não é humano, então ninguém mais teria notado, e é exatamente por isso que ela está se desculpando.
| Eizo | [Não se preocupe com isso], eu respondi, deixando por isso mesmo.
Krul virou na mesma direção que a Samya estava olhando. [Você também sente isso, não é, garota?], eu perguntei a ela.
[Kyuuu], ela choramingou, estranhamente nervosa.
Na pior das hipóteses, eu vou fazê-la fugir sozinha. Dragonetes vivem de energia mágica, então ela ficará bem nesta floresta.
| Samya | [Devemos atirar daqui?], Samya sugeriu.
| Eizo | [Não, está escondido nos arbustos], eu respondi. [Melhor não]
Há pouca vegetação rasteira onde estamos situados, mas arbustos baixos crescem na direção para onde a Samya e a Krul estão olhando, o que dificulta a visão.
Helen e eu fomos na vanguarda. Rike seguiu atrás de nós com sua lança. Diana, Lidy e Samya formaram a retaguarda.
| Eizo | [Você acha que podemos derrubá-lo nós mesmos?], eu perguntei a Helen.
| Helen | [Eu nunca lutei com um urso antes], ela respondeu.
| Eizo | [Eu já], eu disse.
Sua voz estava tingida de exasperação. [Você não me diga...]
Da última vez, eu estava empunhando uma lança, desta vez, eu estou armado apenas com uma espada curta. Lamentei não ter trazido a espada longa.
Pensei em trocar de arma com a Rike, mas eu tinha dado a ela a lança para compensar seu curto alcance. Tirá-la dela vai contra esse propósito.
Um farfalhar veio da direção dos arbustos, e eu senti o cheiro do fedor característico que se agarra às feras selvagens. O ar cheirava a sangue.
Eu posso ter conseguido apenas sentir um traço da presença do urso, mas os sentidos da Samya devem ter enlouquecido. Infelizmente, não consegui me virar para olhar sua expressão.
Nossa tensão se espalhou pelos arredores. Por um momento, a floresta pareceu ficar completamente silenciosa. Dos pássaros aos insetos, todos os seres vivos estavam prendendo a respiração. Era como se o tempo tivesse parado.
Então, uma massa enorme saltou do matagal.
Pensei que ele fosse atacar, mas ele apenas se levantou nas patas traseiras, olhando para nós, provavelmente em uma tentativa de nos intimidar.
Não havia chance da Helen e eu deixarmos seu momento de silêncio passar. Não havíamos discutido nosso plano de jogo antes, mas nos separamos perfeitamente para flanqueá-lo.
O urso se debateu por um segundo, mas imediatamente se recuperou e mirou em mim, que tinha surgido à sua direita. É seu lado dominante? Ele me atacou com uma pata gigante.
Meu último confronto com um urso surgiu na minha mente, mas afastei esses pensamentos para me concentrar em desviar do ataque e matar a fera na minha frente.
No mesmo instante em que eu estava envolvido com o urso, Helen encurtou a distância. Ela brandiu suas lâminas duplas e, com um grunhido, as desceu sobre o urso. Como quando ela testou as espadas, raios gêmeos de relâmpagos azuis seguiram seus movimentos.
Após o clarão do relâmpago, o braço esquerdo do urso caiu no chão. Em uma demonstração impressionante de sua destreza, Helen o cortou com um golpe limpo.
[GROOOOAAARRR!], o urso berrou.
Teria sido ideal se ele tivesse virado o rabo para fugir, mas seus olhos ardiam de raiva. Ele girou em direção a Helen com uma velocidade que não combinava com seu corpo enorme.
Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, três flechas cravaram-se em sua carne. Todas as três estavam equipadas com minhas pontas de flecha de modelo personalizado. As flechas, que nem mesmo uma armadura de metal deveria ser capaz de parar, perfuraram a pele do urso com facilidade.
O urso rugiu novamente e girou para encarar a direção de onde as flechas tinham vindo.
Uma segunda explosão azul riscou o ar. Como raios, as espadas curtas da Helen cortaram o pescoço do urso.
Um momento depois, o corpo sem cabeça do urso balançou e caiu no chão.
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