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Capítulo 0 - O Futuro não Realizado de Dois Anos Atrás

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| Alan | [Não aguento mais isso!]

Virei a mesa e soltei um grito tenso. Espere, o que estou fazendo?!

| Callum | [Calma, Alan. Você pode gritar o quanto quiser, mas não fará nenhuma diferença]
| Alan | [Como vou ficar calmo, Callum?!]

Pisei na mesa derrubada enquanto gritava com o Callum. Meus ombros se levantaram a cada respiração e meu estômago deu uma guinada doentia. Olhei para ele, sentado em sua cadeira elegante como sempre, com as mãos cruzadas em cima da mesa. Eu estou tão... eu estou tão...

Eu sou Alan Berners. Como acabei assim...? Ah, isso mesmo. Estou extremamente chateado.

| Alan | [É tudo culpa daquele demônio! Continuamos perdendo mais cavaleiros todos os anos, e não é só porque ninguém se inscreveu. Os cavaleiros que já temos continuam morrendo!]

Gritar não ajudou nem um pouco a diminuir minha raiva. Bati meus punhos em uma mesa diferente, quebrando-a ao meio.

| Callum | [Cale a boca, Alan. Nem mesmo as crianças podem escapar da pena de morte hoje em dia se insultarem a rainha]
| Alan | [Isso é tudo que você tem a dizer, Callum? Perdemos o Comandante Roderick... e todos os novos recrutas. Então, justamente quando o vice-comandante Clark estava tentando colocar a ordem de volta em funcionamento, nós o perdemos também! Você está feliz que os superiores estejam fora do caminho? Por favor, me diga que você não é esse tipo de cara, Callum]

Cerrei os dentes enquanto o sempre sereno Callum me encarava com uma calma irritante. Agarrei a frente de sua camisa e mostrei os dentes para ele. No entanto, ele devolveu meu olhar friamente e se recusou a revidar, não importando o quanto eu o puxasse.

| Callum | [Vice Comandante Alan, você realmente acha que não estou com raiva?]

Vice Comandante. O título ainda parece estranho para mim e eu não estou acostumado com isso. Mesmo assim, a resposta do Callum me fez largar sua camisa e recuar um passo. Já faz muito tempo desde a última vez que vi aquele olhar em seus olhos.

| Callum | [Nós, cavaleiros... Os cavaleiros dos quais eu já tive tanto orgulho de me incluir agora são uma fonte de medo para o povo Freesiano], disse Callum. [Lutamos guerras contra os nossos países vizinhos, prendemos civis inocentes pelos seus raros e superiores poderes especiais em nome da rainha, e por vezes até expurgamos cidadãos freesianos que a ameaçam. Nós mesmos cumprimos essa frase repetidamente!]

Ele olhou para as mãos e cerrou-as em punhos para acalmar o tremor que percorria todo o seu corpo. Uma intensa onda de emoção o dominou e ficou claro como o dia que esses sentimentos são dirigidos a ele mesmo.

| Callum | [Isso não é... não é por isso... eu me tornei um cavaleiro!]

Callum uivou de desespero e baixou a cabeça. O tremor passou para seus ombros quando ele soltou os punhos. Ele me lançou um olhar penetrante que o resto dos cavaleiros nunca vislumbrou.

| Callum | [Ainda assim... não podemos simplesmente abandonar nossos deveres como cavaleiros! Compartilhamos a mesma vontade dos nossos irmãos! Você e eu somos as únicas pessoas que podem protegê-los!]

Eu entendi o que ele estava dizendo. Também me importo profundamente com os cavaleiros que lutaram pelos nossos ideais comuns. E, no entanto, eu sei que o desespero do Callum para proteger seus subordinados é mais do que apenas isso.

Arthur Beresford, filho do nosso falecido comandante Roderick, juntou-se à ordem como novo recruta. Ele foi abençoado com talentos inacreditáveis. Dentro de dois ou três anos, ele certamente subiria na hierarquia das forças principais. Pelo que ouvi, o próprio Callum estava com Arthur no momento em que o comandante perdeu a vida. Callum queria proteger o filho de coração partido do comandante se ele próprio não pudesse proteger o comandante. O último desejo do Clark foi que cuidássemos do Arthur em seu lugar, caso o garoto decidisse se alistar – e de fato ele o fez.

Todos nós queríamos manter o Arthur seguro. Mas ainda assim!

| Alan | [Pense nisso por um segundo!], eu disse a ele. [Neste momento, os cavaleiros apoiam você e eu muito mais do que aquela rainha. Poderíamos facilmente reunir todos eles para derrubá-la]
| Pride | [Oh céus. E pensei que este seria o último lugar onde ouviria falar de uma rebelião]

Uma risada ameaçadora soou atrás de mim. Virei-me e encontrei uma garota parada na porta com um grande grupo de guardas atrás dela. Meu sangue gelou.

| Alan | [Sua Majestade! Como você chegou aqui?!], eu perguntei.
| Pride | [Eu tenho um escravo incrível. Você realmente acha que você e sua turma poderiam me derrubar? Eu tenho um poder especial concedido a mim pelo próprio Deus]

Callum levantou-se da cadeira com um gemido sem vida, deixando-o cair no chão atrás dele. Os lábios da rainha se esticaram em um sorriso anormal.

| Pride | [O que devo fazer sobre tudo isso?] ela disse, com a voz cheia de lamento fingido. [Terei que executar vocês dois, mas perderei ainda mais cavaleiros desta vez — e outro comandante e vice-comandante, ainda por cima]

Seu sorriso não era de arrependimento. Em vez disso, parecia uma alegria desenfreada.

Se a rainha vai acabar com a minha vida, vou levá-la comigo.

Quando o Callum me pegou segurando minha espada, ele fez um gesto com a mão para que eu parasse. Então ele ficou na minha frente e caiu de joelhos diante da rainha.

| Callum | [Por favor, espere, Sua Majestade], ele disse. [Isso é resultado do meu próprio fracasso na liderança. Se alguém deve ser punido, deveria ser eu e somente eu. Eu sou comandante da ordem]
| Alan | [O que?! Seu idiota! Como você pôde?!], eu rebati.

A rainha estalou os dedos e algo atingiu minhas costas, o impacto violento sacudindo todo o meu corpo. Alguém apareceu atrás de mim e me empurrou sem avisar. Meu queixo bateu no chão e, quando estiquei o pescoço para olhar para trás, vi um menino me prendendo. Ele estava segurando uma lâmina na minha garganta e olhando com olhos vazios e mortos.

Callum hesitou. [Príncipe Stale, você é—?!]

Príncipe Stale?! O príncipe primogênito deste país também é o senescal que serviu ao lado da rainha. Num piscar de olhos, os outros guardas correram para ajudar a me prender também.

Não adianta. Este reino está podre até o âmago.

| Pride | [Vamos ver... Então você quer assumir toda a responsabilidade, huh?], a Rainha Pride disse. [Por mim tudo bem. Isso tornará as coisas mais divertidas], ela olhou diretamente para mim enquanto pronunciava as palavras finais. Então ela ordenou que um de seus guardas lhe entregasse uma espada. [Fique parado e olhe para baixo, Comandante]

Ela desembainhou a espada e se aproximou do Callum, caminhando até ele como se estivesse passeando pelos jardins do palácio.
Callum abaixou a cabeça. Ele está realmente preparado para aceitar seu destino.

| Callum | [Alan], ele disse, [cuide do Arthur... e de todos os outros cavaleiros. Você é o único com quem posso contar], ele fechou os olhos, recusando-se a olhar para mim enquanto falava.
| Alan | [Não, não faça isso! Se você vai matar alguém, me mate! Fui eu quem disse tudo! Callum, você tem que fugir!]

Eu murmurei apelo após apelo, mas o Callum ficou imóvel enquanto a rainha caminhava em direção a ele, seu sorriso se contorcendo nos cantos. Risadas arrepiantes borbulharam em seus lábios. Ela ficou ao lado do Callum e ergueu a espada.

| Alan | [Pare... Mate-me em vez disso!], eu gritei, minha voz cheia de raiva e desprezo. [Corra, Callum! Corra!]



*Corta*!

Demorou apenas um segundo. Um jato vermelho explodiu e a cabeça do meu amigo rolou pelo chão em minha direção.

| Pride | [Ah ha... Ha ha ha... Ah ha ha ha ha ha!]

A rainha gargalhou, alegre mesmo enquanto o sangue do Callum encharcava suas roupas.

Ah, essa risada... Foi assim que ela riu quando matou todos aqueles civis inocentes? Por que?! Por que o Callum teve que morrer?! Fui eu quem estava planejando a rebelião! Callum tentou me impedir! Então por que? Por que? Por que? Por que?!

| Pride | [Tudo bem! Quem é o próximo?]
| Alan | [O que?!]

Os olhos da rainha se voltaram do corpo do Callum, que ainda vomitava sangue, para mim. [O que você quer dizer com 『o quê?』? Você também faz parte da rebelião. Não me diga que você pensou que eu iria obedecer ao último desejo de algum criminoso?! Ah, ha, ha! Você realmente esperava que eu poupasse você?! Que idiota!]

Seu sorriso ainda tremia com pequenas explosões de júbilo maníaco. Tentei me libertar, mas não consegui mover um músculo com os guardas me segurando.

Ela ergueu a espada sobre minha cabeça, zombando de mim. [Dê meus cumprimentos ao comandante]
| Alan | [Vá para o inferno! Callum não fez nada... Ele deixou todos para eu cuidar!! A ordem, e o Arthur também!]

As palavras do Callum ecoaram em minha mente. Como tivemos que proteger os cavaleiros, como éramos os únicos que poderiam fazer isso. O homem estava certo. Tínhamos o dever de protegê-los! Mas estamos prestes a falhar e foi tudo culpa minha.

| Callum | 【Alan, cuide do Arthur... e de todos os outros cavaleiros. Você é o único com quem posso contar】

Ele os deixou sob meus cuidados! Callum queria que eu cuidasse do Arthur e dos cavaleiros! Ele disse que eu era o único com quem ele poderia contar! Então eu não posso simplesmente... apenas...

Lágrimas de arrependimento brotaram dos meus olhos. Cerrei a mandíbula para impedi-la de tremer, mas não adiantou. A rainha apenas riu de mim, aproveitando minha luta irresponsável para escapar.

| Pride | [Estou feliz por ter deixado você ir em segundo lugar], disse ela, divertida.

Droga! Droga! Maldita seja!

Eu não suportei o que tinha feito. No final, eu estava impotente. Eu não pude apoiar o Callum como seu vice-comandante, não pude vigiar o Arthur como os três comandantes anteriores queriam e não pude proteger os novos recrutas – muito menos os outros cavaleiros ou o povo Freesiano. Eu terei uma morte vergonhosa.

Eu só queria poder tê-los protegido.

Eu queria protegê-los. Eu queria protegê-los. Eu queria protegê-los! Eu queria protegê-los! Eu queria protegê-los! Eu queria protegê-los! Eu queria protegê-los! Eu queria protegê-los! Eu queria protegê-los!
Mas eu não consegui!

A rainha ergueu a espada. Assim que acertou meu pescoço, tentei encará-la em um último ato de—

*Corta*!