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Prólogo - A Coisa Amorfa

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A coisa estava com problemas.
A coisa fez suas partes constituintes se contorcerem, o que fez um som gorgolejante. Isso era desconcertante, e a sensação de perplexidade foi a primeira sensação que a coisa já experimentou.
A coisa não tinha nada.
Sem nome... Apenas o título dado a ela pela existência superior que ele conhece como 『o mestre』.

Sem propósito... As diretivas do mestre haviam cessado há muito tempo.
Sem consciência... Embora a coisa possuísse pensamentos, conhecimento e capacidade de aprender, sua vontade voluntária era extremamente escassa.
A hora é meia-noite.
A coisa começou a se mover, e ninguém estava lá para detê-la.

*Gurgle, gurgle*

A coisa começou a pensar.
A coisa começou a sacudir seus componentes lamacentos.
Naquele momento, a coisa precisava absorver os nutrientes necessários para se mover - precisava de uma fonte externa. Uma vez, a coisa estava em um lugar muito confortável. Não havia necessidade de temer o esgotamento da energia ativa. Mas agora, as coisas são diferentes. A coisa tem que se mover para encontrar uma nova fonte de nutrientes.

*Gurgle, gurgle*

A coisa balançou seu corpo.
A coisa dividiu em duas a partir de seu núcleo, no ritmo dos tremores sutis. Sem parar, as duas coisas se dividiram em quatro, depois oito, depois dezesseis. Não importa quantas vezes se dividisse, as peças individuais eram todas do mesmo tamanho que a primeira - ou assim parecia.
Mas a coisa podia sentir-se enfraquecer a cada divisão. Cada peça individual provavelmente era menos inteligente do que quando todas estão reunidas. Mas isso não importa. Se a coisa não fizer algo para se separar, ela morrerá. Se tudo correr bem, talvez a coisa possa voltar a uma forma única.
A coisa se multiplicou para alcançar uma vida estável.
Todas e cada uma das infinitas divisões de coisas rastejaram para longe, desaparecendo na escuridão da cidade.

Alguns foram para a estrada principal.
Alguns foram para os esgotos.
Alguns foram para a cidade.

Conforme eles se moviam, eles mudavam. Assumiam formas que lhes permitiam passar despercebidos enquanto observavam e coletavam informações.
A coisa não recebeu ordens de ninguém — estava sendo conduzida pela vida. Como poderia viver de forma mais eficiente neste ambiente? Qual é o método ideal para estabelecer a vida ativa, em vez do parasitário que tinha antes?
Como parte de sua estratégia de sobrevivência, a coisa se espalhou em 40.000 partes, depois em 80.000. Cada peça individual começou a pensar e se comportar por conta própria.
Tudo isso aconteceu na calada da noite, sem testemunhas.