- Capítulo 2

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Capítulo 2 - Ninguém Sabe para Onde Vai o Nevoeiro




Tradução: Gabrielfsn
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Tap, tap. Akari sobe a escada saltitando com passos leves.
Na ensolarada cidade portuária, o vento sopra em direção ao mar. Deixando a pousada e saindo para um passeio, Akari parece estar bem alegre enquanto corre com o vento.

Ela parece estar se divertindo, Menou pensou enquanto a observava.

Este é o segundo dia desde quando elas chegaram em Libelle, e Menou e Akari passaram esse tempo caminhando pelas ruas.
Embora a cidade portuária seja principalmente utilizada para pesca, ela não é desprovida de pontos turísticos. Além disso, estar cercada por edifícios e estruturas tão diferentes daquelas de suas terras de nascença, é tão interessante que apenas andar pela cidade garante diversas pequenas descobertas.
Há uma diferença considerável na elevação da costa até o coração da cidade. Nessas ruas inclinadas, nenhum par de casas tem telhados com a mesma altura. Neste momento, Menou e Akari estão subindo uma escada de tijolos com residências em ambos os lados.
Justo quando estavam prestes a chegar no topo, Akari parou de repente.
Ela girou o corpo para encarar Menou, levantando suas mãos e formando um enquadramento com ambos os polegares e dedos indicadores.

“Uhum, digna de uma moldura. Eu vou chamar de ‘O Mar, a Cidade e a Menou’!”
“Ótimo.”

Akari parece mais bem humorada do que nunca enquanto finge tirar uma foto de Menou.
Ela sorri para a sacerdotisa, seu cabelo preto esvoaçando com a brisa do mar. Menou considerou ressaltar que o sal iria arruinar o seu cabelo, mas a expressão de Akari é tão alegre que ela não consegue estragar sua diversão.

“Bom, fico contente por estar se divertindo.”
“Uhum!” Akari cantarolou inocentemente. “Também estou contente por estar me divertindo!”

Akari parece estar encontrando enorme deleite ao observar novos lugares. Menou é muito experiente devido ao seu treinamento de Executora e é uma viajante veterena por razões semelhantes, então ela fez um tour com explicações que encantaram Akari.

“Pessoalmente não sei muito sobre, mas Libelle é um ótimo lugar.”

É um pouco mais rural que a capital ancestral, onde elas estavam alojadas antes, mas como é próximo da divisa, também não é remoto de forma alguma. O tempo parece fluir um pouco mais devagar em uma cidade pacífica à beira-mar, e como são muitas pessoas entrando e saindo, também é amistosa com forasteiros.
Sobretudo, como é uma cidade portuária, os peixes são incrivelmente frescos. Após duas semanas sem comer nada além de alimentos em conserva, Menou e Akari estavam felizes por se deleitarem com peixe fresco de manhã até a noite.
Contemplando o oceano, Akari aponta para alguma coisa.

“Menou! Acabei de encontrar algo maravilhoso. Eu quero ir naquele castelo bem ali!”
“Onde... ? Ah, a cidade-castelo na Ilha de Libelle.”

Akari estava apontando para uma ilha que estava interligada com o continente por um caminho estreito. Era uma pequena massa de terra com um castelo branco-giz no centro e cerca de vinte ou mais prédios enormes em seu entorno.
Essa cidade foi construída perto de onde um vulcão entrou em erupção há muito tempo atrás, então o terreno é bastante rochoso. A colina que elas haviam escalado antes de chegar era na verdade os restos de uma montanha que foi desbastada.
A ilha que Akari estava apontando foi formada por lava tempos atrás. A lava fluiu até o oceano, resfriou e solidificou, transformando-se em uma ilha à beira do continente.

“Infelizmente, a ilha não permite a entrada de pessoas não autorizadas.”
“Sério?” Akari perguntou.
“Receito que a maior parte seja de propriedade da Nobreza, incluindo o próprio castelo.”

Ilhas pitorescas tendem a se tornar instalações da igreja ou pontos de casas de férias para os ricos. Neste caso, era a segunda situação.

“Imagino que as únicas pessoas além da Nobreza que podem entrar são membros da Faust que têm assuntos a tratar por lá ou Plebeus excepcionalmente ricos.”
“Mas você não é da Faust, Menou?”
“Sim, mas não tenho nenhum assunto para tratar por lá. Não sou importante o suficiente para ser designada a negociar com a Nobreza ou algo do tipo.”

O Castelo Libelle, o château naquela ilha remota, é o lar da Nobreza encarregada de governar Libelle. O lorde daquele castelo é muito provavelmente Conde Libelle, cuja família compõe a maior parte da Nobreza desta cidade.

Akari franziu a testa com a menção da Nobreza. “Pertence a Nobreza... ? Quer dizer aqueles caras, né?”
“Isso mesmo. Não podemos dizer que eles são iguais a Nobreza que te convocou, já que são de uma nação diferente, mas ambos são da mesma classe social. Se pudermos, seria melhor evitá-los.”

Afinal, foi a Nobreza do Reino de Grisarika que convocou Akari como uma Ádvena. Não é de se admirar que ela não tenha uma boa impressão deles.
Talvez essa seja a razão dela parecer frustrada enquanto observa o castelo no centro da ilha.

“Então isso significa que não podemos visitar aquela ilha?”
“Não, não podemos. Você terá que abrir mão disso.”

A ilha era território da Nobreza. Era praticamente considerada uma cidade própria, separada da cidade portuária. Ninguém pode entrar no Castelo Libelle ou na região em seu entorno sem um convite. E como é cercada pelo oceano, seria difícil se infiltrar.
A Nobreza é dividida em níveis separados, a depender de suas funções. Condes geralmente são administradores locais que primordialmente reúnem as opiniões daqueles abaixo deles e negociam com a Faust. Menou ouviu falar que é uma posição difícil e estressante, mas isso não tem nada a ver com ela.
Os cavaleiros que estão encarregados de manter a ordem pública são tratados de maneira bem distinta. No Reino de Grisarika, a própria princesa tem sido uma cavaleira até agora, prova suficiente do amplo alcance de funções e abordagens entre a Nobreza.

Aww, droga. Parece ser um castelo tão legal... ”
“Você parece gostar muito desses tipos de construções, hein? Você agiu da mesma forma em Garm.”
“Bom, é. Veja como é lindo! Todas as garotas sonham com castelos!”
“Todas, é?”

Isso era uma crença particularmente japonesa, ou apenas a visão dela como uma cidadã comum? Seja o que for, Akari sempre destaca e fica muito empolgada quando vê um castelo.
O primeiro pensamento de Menou ao ver um castelo, por outro lado, tendeu a ser Qual é a melhor maneira de invadir? Neste caso em particular, o Castelo Libelle pode muito bem ser uma fortaleza da Fourth, a qual ela deveria estar investigando. Obviamente, sua impressão do lugar estava longe de ser positiva.

“Ah, dá para ver aquele nevoeiro que vimos antes daqui, também. Acho que não é mesmo uma nuvem.” Akari observou.
“... Uhum.”

O nevoeiro branco do Pandemônio estava mais uma vez à vista.
Após Orwell tentar causar uma lavagem cerebral em Akari no salão cerimonial duas semanas antes, foi descoberto que ela estava usando um líquido branco retirado do desastre do Crepúsculo na região norte do continente. A conjuração cerimonial que utilizava materiais de um dos Quatro Principais Erros Humanos poderia interferir com e até alterar o Puro Conceito de um Ádvena.
Esse era o poder assustador de um dos Quatro Principais Erros Humanos.
Razão pela qual uma certa ideia veio à mente de Menou.
Se ela lança-se Akari naquele nevoeiro, seria possível que ela não fosse capaz de se recuperar?

“...Suponho que vale a tentativa.”
“Hmm? O que foi, Menou?”
“Olhar para o oceano me deu uma excelente ideia, Akari.”

Como Akari percebeu que ela estava falando sozinha, Menou rapidamente suavizou com uma risada discreta.

“Já que estamos em uma cidade portuária, vamos visitar o oceano!”
Wooo!” Akari soltou uma comemoração.

Nada aconteceu naquela região por cerca de mil anos, mas a igreja ainda observa o mar regularmente, até onde Menou sabe. Se ela solicitasse à Sicilia, elas deveriam conseguir pegar um pequeno barco emprestado sem muitos problemas.

“Nós subiremos em um barco e vamos dar uma volta por água. Pode deixar a navegação comigo! Eu sou uma pura, justa e forte sacerdotisa! Sou capaz de fazer praticamente qualquer coisa se eu tentar!”
“Vivaaa, Menou! Você é tão pura, justa e forte!”
“Mas é claro. Afinal, sou uma sacerdotisa!”

Os olhos de Akari brilham com a sugestão de Menou, mesmo enquanto ela estava fazendo cálculos. A alegria inocente no rosto de Akari fez Menou sentir uma pontada no coração.
Era a mesma dor formigante que ela sentiu em Garm: a estranha sensação em seu peito quando ela tentou matar Akari. O que era? Menou não é tão leiga para não saber.
Era culpa.

Que inconveniente, ela pensou consigo mesma.

Menou era uma Executora, mas nenhuma de suas missões envolveu passar tanto tempo com um alvo quanto essa. Ela realizava seus assassinatos de surpresa ou durante o período de um dia no máximo.
Atualmente, faz três semanas desde quando ela conheceu Akari.
Mas a culpa de Menou não muda o fato de que ela precisa matar Akari.
Está tudo bem. Provavelmente.
Ela não é o tipo de pessoa que deixa sua consciência incomodá-la.
Menou não era realmente uma pura, justa e forte sacerdotisa. Ela tirou muitas vidas. E por que ela mata pessoas? Após a batalha em Garm, ela estava ainda mais certa da resposta.
Porque ela é uma vilã.

“Mas um barco soa ótimo! Eu quero fazer aquela coisa. Sabe, aquilo de ficar em pé na proa e abrir bem os braços!”
“O quê?”
“Ceeerto. Acho que vocês não sabem o que são filmes por aqui... ”

Não importa se ela nunca teve consideração. Se ela nunca poderia ser salva. Menou tirou muitas vidas, para assegurar que mais nenhuma pessoa como ela fosse criada.
Era o seu papel como uma Executora.
Ela repetiu isso para si mesma, sua razão de existir.
Ela não tinha escolha senão continuar lembrando a si mesma diante do sorriso de Akari.


*



Vagando continuamente. Ela viveu sua vida seguindo o fluxo.
Ela nunca sentiu seu próprio peso, sua própria vontade. No máximo, ela apenas tem a função de quando nasceu.
Então quando ela encontrou a garota que foi trazida até a praia pela correnteza, assim como o entardecer vira noite, ela está certa de que seu encontro estava destinado a acontecer. Enquanto ela reflete sobre o encontro de três semanas atrás, Manon Libelle desesperadamente solta um bocejo.
Cada vez que outra onda de sonolência começa a surgir dentro dela, ela aperta os dentes e arregala os olhos. Uma lágrima brota, mas ela consegue impedir a si mesma da indelicadeza de abrir muito sua boca.

Haaaah...

A garota com características suaves e relaxadas, por muito pouco transformou seu beijo em um suspiro. Seu cabelo espesso e perfeitamente alisado está preso em uma trança e pendurado na frente de um de seus ombros. O mais peculiar é o fato dela estar vestindo um kimono.
É feito de tecido tingido e preso ao redor da cintura com um obi. Esta vestimenta existe desde os tempos da antiga civilização há mais de mil anos atrás, mas não se propagou muito, então é incomum ver alguém vestindo uma. Uma primeira olhada em Manon, com suas mãos cuidadosamente postas em seu colo, provavelmente convenceria qualquer um de que ela é uma jovem adorável e graciosa.
Atualmente, ela está sentada em uma mesa redonda com cerca de dez outras pessoas, que estão fervorosamente trocando opiniões.

“Estamos certos de que podemos confiar na informação de que ela está aqui?”
“É de um membro que estava na nação próxima. Se calcularmos o tempo desde o incidente que ocorreu na capital ancestral de Garm no Reino de Grisarika, faz sentido elas chegarem a esta cidade em seguida.”
“Essa é uma infeliz mudança de eventos... ”

Os outros oscilam em idade, desde uma pessoa idosa em seus setenta anos, até uma mulher em seus vinte e tantos. Eles estavam divididos igualmente entre Nobreza e Plebe, embora obviamente não haja ninguém da Faust.
Unidos, eles são as figuras centrais da Fourth sediada em Libelle.
Como eles estavam tendo uma reunião de emergência, Manon os deixou utilizarem uma sala no Castelo Libelle, e o resultado foi uma conversa entediante que está se arrastando diante dela por mais tempo do que ela consegue lembrar. Enquanto ela luta contra seu tédio silenciosamente, os adultos continuam sua conversa absurdamente ardente.

“Nós já temos uma pessoa complicada para lidar. E agora a Flarette está aqui? Por que elas tinham que chegar justo agora? Já estou farto dessa bagunça... !”
“Você se refere a Princesa Cavaleira dos nossos vizinhos? Verdade, a distribuição da monstrina sofreu atrasos por causa dela. Que mulher difícil. Não tem nada que possamos fazer sobre ela?”
“Parece que ela está reunindo jovens na cidade portuária por algum capricho rídiculo, mas não podemos baixar nossa guarda. O histórico dela não é brincadeira. E ela é uma princesa de outra nação, no fim das contas. Não podemos encostar a mão nela.”
Tsk. Esses tolos não entendem a ideologia nobre da Fourth!”

A Fourth, de fato.
Os dias nos quais a organização, difundida por todo o continente, causou um imenso alvoroço em nome da liberdade e independência já haviam acabado faz tempo. Sem o poderoso carisma do Diretor, o grupo se dispersou em pequenos fragmentos. Para o resto do mundo, eles eram apenas restos vazios de uma organização terrorista que levaram seus protestos longe demais.



Como sua presença nesta reunião sugere, Manon também é uma integrante da Fourth.
Seu pai, Conde Libelle, tem fornecido a eles suporte financeiro desde o princípio da Fourth, então quando ele adoeceu, atender as reuniões da Fourth se tornou uma das muitas tarefas de Manon. Como isso significava que ela ficaria sob vigilância da Faust e dos cavaleiros, era uma herança incômoda de se lidar.
E o tema de discussão atual é a sacerdotisa que chegou na cidade no dia anterior.

“Aquela maldita Flare. Justo quando pensamos que ela finalmente havia cessado suas atividades, ela preparou uma pequena sucessora inconveniente... !”
“Ela se chama Flarette ou algo assim, não é? Como ela é?”
“Bom, ela derrotou a Arcebispa Orwell. Não podemos fazer pouco caso dela.”

Flarette... o codinome de uma das Executoras da Faust, que busca eliminar entidades tabu. Infelizmente para ela e seus deveres sigilosos, sua existência já estava se tornando tão infame que ela poderia acabar sendo reconhecida nas ruas.
Foi a morte da Arcebispa Orwell no reino vizinho que começou isso.
Foi dito ao público que ela morreu em batalha contra um monstro, mas na realidade, ela estava metida em atividades ilegais, usando cidadãos como suas cobaias. Foi uma revelação chocante, especialmente pela arcebispa estar tão próxima do topo da Faust. Mesmo com a influência da classe, era impossível cobrir completamente todas as informações.
Incluindo a pessoa que executou a arcebispa por seus pecados cometidos a portas fechadas: Flarette.
Assim como a alcunha de Flare é vastamente conhecida e muito mais temida que o de qualquer outra Executora deveria ser, a palavra Flarette estava começando a se disseminar em certos círculos.

“...Lady Manon. Tem algum pensamento sobre o assunto?”

Manon estava concentrando todos os seus esforços em se manter acordada, então não estava preparada para a pergunta repentina.

“Ah, er... ”

Eles não perceberam que eu estava bocejando, não é? Nervosamente, Manon olhou para a expressão daquele que lhe fez a pergunta.
Era o homem velho que facilitava as reuniões, mas ele não parecia ter nenhuma expectativa em particular dela. Nada mais natural. Manon não era nada além de uma garotinha para eles. Como todos eles eram amigos próximos da família, eles a conhecem desde pequena.
O que realmente importava para eles era a opinião do Conde Libelle, que atualmente estava acamado.

“Não podemos monitorar as atividades da Princesa Ashuna e da Flarette, e deixar assim por enquanto? Talvez elas sigam em frente sem fazer nada.”

Alguém bufou.
Claramente, todos achavam que ela estava sendo ingênua. Os outros falaram em tom de repreensão.

“Impossível, Lady Manon. Talvez você fosse jovem demais para ter ciência disso, mas quando Flare veio a esta cidade tempos atrás, nossas perdas foram imensuráveis!”
“Exatamente. Se a aprendiz daquele monstro está aqui, nós devemos lidar com ela imediatamente.”
“Além disso, Flare também eliminou sua mãe, lembra-se? Esta é a chance perfeita para se vingar.”
“Embora parte da razão de sua morte tenha sido porque ela não usou sua melhor arma quando teve a chance... ”

O olhos de Manon tremeram com a última frase.
Porém, os outros simplesmente continuaram tagarelando sem notar sua reação.

“Além disso, ela é uma assassina. A Princesa Ashuna é uma coisa, mas no caso da Flarette, a Faust não poderá nos criticar publicamente, mesmo que a ataquemos primeiro.”
“Ah, entendo. Perdão pela minha ignorância. Eu só estou aqui em nome do meu pai, afinal.”

Quando ela lhes deu uma resposta apática, eles pararam de incomodá-la.
Manon se apoiou nas costas da cadeira, tendo evitado mais discussões com êxito. De uma forma ou de outra, ela cumpriu seu dever de participar desta reunião. Agora tudo que ela precisava fazer era se manter em silêncio e conter sua sonolência.
Não é como se ela quisesse participar desse encontro estúpido mesmo. Lidar com as ações da Fourth era apenas um incômodo para ela.
Mas Manon era a única filha do Conde Libelle.
Qualquer um que estivesse no âmbito da Nobreza era obrigado a se envolver com o trabalho de sua organização. Especialmente na posição de Manon.
Como alguém poderia ser livre em um sistema como esse?
A Fourth alega defender a liberdade, mas Manon não consegue suportar as restrições e tédio daquela mesa redonda. Naquele momento, ela se sentiu extremamente tola por não ser capaz de se levantar e deixar o seu assento, mesmo se ela pensasse que aquilo tudo era uma farsa.

“Muito bem, então está decidido.”

Enquanto Manon estava perdida em pensamentos, o grupo pareceu ter chegado a um acordo.
O homem velho, que geralmente realiza as reuniões imperiosamente, anunciou a conclusão.

“Não podemos permitir mais atrasos na distribuição de monstrina. Nós atacaremos a Flarette hoje. Lady Manon, tudo bem por você?”
“Sim, tudo ótimo. Me certificarei de contar ao meu pai sobre isso, também.”

Ele deve ter solicitado sua confirmação pois ela realmente não disse nada durante a discussão. Manon forçou uma expressão meiga e acenou para o homem. Reservadamente, ela estava impressionada consigo mesma por não adicionar comentários sarcásticos como Pouco me importa.

“Conto com você, Kaiser.”
“Nós temos todas a chances de vencer, graças a força que nossos homens receberam da monstrina que a Lady Manon nos forneceu.”
Ha-ha, claro. Vamos aniquilar a sucessora da Flare aqui e agora!”

A reunião parece ter agitado a todos; soando como se eles realmente pensassem que podem vencer. Um homem grande e robusto em particular na mesa da Fourth estava planejando dirigir o ataque ele mesmo.
Enquanto os demais membros o aplaudem, o homem olha para Manon orgulhosamente. Qual era o nome dele mesmo? Não valia o esforço procurar em suas memórias, então Manon apenas sorriu de volta para ele.
Seja qual fosse o resultado do ataque, isso não importava para ela. Sua crescente fome era muito mais importante neste momento. Como a reunião foi muito longa, ela perdeu sua chance de almoçar.
Alguns aperitivos foram fornecidos na reunião. Todos os outros membros se serviram, mas Manon não teve vontade de comer nenhum.

“Mas nós não temos uma maneira de encontrar Flarette.”
“Hrmm, isso é verdade.”
“Nós conhecemos sua alcunha, mas não seu rosto ou seu nome verdadeiro. E ela também é uma Executora. Localizá-la será difícil.”

Eles não têm ciência do seu nome, rosto ou localização, e mesmo assim decidiram atacá-la? Que plano horroroso. Sentindo que eles não estavam indo a lugar algum, Manon decidiu oferecer algumas informações.

“Na verdade, eu acredito que ela esteja no mar neste momento.”

Ao dizer isso, todos os olhos da Fourth se reuniram em Manon. Ela sorriu de volta, serena.

“Parece que ela está indo em direção ao Pandemônio. Se vigiarem atentamente o cais, imagino que a encontrarão num instante. E se verem uma sacerdotisa voltando em um barco, então saberão que é a Flarette.”

Um dos membros olha para ela minuciosamente.

“Como sabe disso, Lady Manon?”
“Eu também tenho meus meios de recolher informações.”

Não era mentira.
Mas mesmo se ela dissesse a eles a fonte exata de suas informações, eles não acreditariam.
Se ela dissesse que ouviu isso de alguém que pessoalmente viu a sacerdotisa se aproximando do nevoeiro, então ela provavelmente receberia mais risadas. Observando suas expressões, ela notou que enquanto todos não pareciam completamente livres de dúvidas, também parecia que eles ficaram convencidos o suficiente para não pressioná-la mais que isso.

“E você está certa de que essa informação é correta?”
“Sim, certíssima. Vem de uma amiga muito confiável minha. E talvez lhes interesse saber também que essa ‘Flarette’ aparentemente está acompanhada de uma perdida.”
“O quê!?”

Ao escutarem que a Executora estava acompanhada por alguém com um Puro Conceito, todos na sala ficaram empolgados.

“Se ela tem uma perdida com ela, isso é ainda mais razão para não ignorá-la.”
“Esta é a chance perfeita para matar Flarette e raptar sua companheira.”
“Agora também sabemos onde ela está, graças à Lady Manon. Devemos atacá-la imediatamente!”

A conversação, antes tão próxima do fim, agora esquentou novamente. O homem que foi escolhido para liderar o ataque era objeto de muitas e altas expectativas. A comida que foi trazida à mesa redonda foi rapidamente consumida e a discussão ainda assim continuou.
Manon, que estava com esperanças de que a reunião estava prestes a terminar, apertou gentilmente seu estômago vazio. Um imodesto grunhido foi emitido debaixo de sua mão, mas se perdeu em meio às vozes dos membros discutindo, então parece que ninguém ouviu.
Não, talvez uma pessoa tenha ouvido.
Sua nova amiga, que estava cedendo seu poder a ela, talvez tenha escutado o som. Ela pensou ter ouvido uma risadinha vindo de algum lugar dentro dela, após o grunhido de seu estômago.
Bom, isso foi constrangedor. Os lábios de Manon formam um beicinho. E havia apenas uma causa para culpar.

“É tudo culpa daquela Flarette e de sua perdida.”

Murmurando silenciosamente para si mesma, Manon decidiu que iria comprar alguns doces no mercado da cidade quando esta reunião finalmente terminasse.


*



Força Etérea: Auto-Conectar (Condições Atendidas)—Vínculo Indevido, Puro Conceito [Tempo]—Lançar [Regressão: Memórias, Alma, Espírito]

Quando Akari abriu os olhos, tudo que ela viu era puro branco.
Ela se senta e esse simples movimento fez a superfície na qual ela estava balançar. Ela estava largada em um pequeno bote.

“Aaah... ”

Bocejando de uma maneira muito deselegante, ela estica seus braços e pernas. E então ela olha ao redor, mas não consegue ver nada. O ar ao redor dela estava tão branco que era impossível dizer o que havia ao seu redor.
A espessa neblina agita-se e desloca-se constantemente, mas nunca há lacunas. É tão densa que não havia espaço para nada além de mais branquidão. Ruídos arrepiantes ecoam no cegante nevoeiro. Sua visão está obscurecida por ele.
Se ela acordou dessa forma, significa que certas condições foram atendidas. Totalmente despertada pela primeira vez em duas semanas, Akari vasculhou suas memórias.
A atitude que Akari está exibindo agora é um contraste gritante da garota que Menou conhece. Ela claramente está em uma situação estranha, e mesmo assim não demonstra sinais de nervosismo. Sua postura calma quase faz parecer que ela já está completamente ciente de sua situação atual.
E de fato, esta Akari sabe exatamente o que estava acontecendo.

“Aqui deve ser Libelle, né?”

O pequeno bote carregando Akari colidiu com algo e parou.
O que ela estava flutuando agora não era de fato o mar. É difícil dizer por causa do nevoeiro, mas o bote estava na verdade em uma acumulação, do tamanho de um oceano, de sangue e carne.
Realmente, era um lugar horrendo. Se ela não tivesse ideia do que estava acontecendo, certamente sua sanidade seria drenada a cada segundo. No mínimo, o fato dela não conseguir enxergar era na verdade uma benção.
Pois ela estava no meio do Pandemônio.
Akari franziu o nariz com o cheiro de sangue, mas ela esteve aqui tantas vezes que ainda estava relaxada.

“Se estou aqui agora, significa que as coisas estão correndo como planejado. Fico contente de tudo ter ido bem até agora!”

Sabendo exatamente onde ela estava e o que estava acontecendo com ela agora, ela jubilosamente brinca com o laço em sua tiara enquanto fala sozinha.

“Então nós chegamos em Libelle—que alívio. Agora nós só—wah!?

Esse grito no final se deve ao fato do bote subitamente ter se inclinado para cima.
No momento seguinte, Akari foi arremessada no ar. Algo se ergueu do mar de sangue e atacou, lançando-a aceleradamente para cima, com bote e tudo.
Era um monstro gigante, tão grande que somente uma parte é visível de tão perto. Seria impossível até calcular o tamanho de sua enorme e escancarada boca, sem contar o resto de seu gigantesco corpo.

“Hrmm. Sinto muito, Menou.”

Vendo a boca vindo em sua direção, Akari segura a tiara em seu peito para não derrubá-la e encolhe os ombros.
Se ela estava no nevoeiro, significa que a jornada estava indo justamente como ela esperava até então. Ela também já havia experienciado tudo que aconteceria aqui.
Portanto, ela sabia que isso não poderia ser o fim.

“Também não posso morrer aqui.”

O corpo de Akari foi engolido pela boca gigantesca.


*



O local onde Menou estava balança lentamente.
Balançando no barco oscilante, Menou observa o nevoeiro.
Ela estava na proa de um pequeno navio com um motor Etéreo. Adquirir a embarcação correu tranquilamente: Quando ela fez a solicitação para Sicilia, ela concordou em ceder uma ainda mais facilmente do que Menou esperava.
A massa de neblina estava refastelada sobre a superfície do oceano azul, tão densa que dá a ilusão de que uma nuvem cumulonimbus estava sentada sobre o oceano. Se uma pessoa olhasse para o nevoeiro por muito tempo, poderia facilmente perder a noção de distância e esbarrar nele.
Esse é o Pandemônio.
Um gigantesco nevoeiro que engoliu completamente o lugar onde a Aliança das Ilhas do Sul uma vez existia. Dos locais onde habitam os Quatro Principais Erros Humanos, este era o mais calmo.
Mas apenas parece calmo quando observado por fora.
O originador de monstros. O ápice de demônios. O senhor de todos os males e a criatura mais desprezível que buscava devorar o mundo. A fantasia feroz de uma pequena garota foi materializada por um Puro Conceito aterrorizante e aqui estava a ruína resultante.
Selada dentro do nevoeiro, estava uma menina solitária que trouxe o Conceito de Pecado Original para este mundo.
Os únicos registros que restaram se assemelham a lendas, mas é dito que até um monstro, enorme o suficiente para consumir ilhas inteiras, obedecia a ela e causava destruição no mundo. A barreira do nevoeiro é a única maneira de manter as hordas de monstros sob controle, e por isso ela abrange uma grande área.
E Menou acabou de enviar Akari para o centro daquele lugar.
Pouco depois de zarparem a bordo do barco, Menou deu a Akari um sonífero, dizendo a ela que era um remédio para evitar enjoo, e logo ela entrou em um sono profundo. Em seguida, Menou levou seu barco o mais próximo possível do Pandemônio antes de colocar Akari em um bote salva-vidas e deixá-lo flutuar para dentro do nevoeiro.

“Agora... vamos ver o que acontece.” Menou murmurou para si mesma.

É dito que quando uma pessoa entra no nevoeiro, ela nunca conseguiria escapar. É bastante simples entrar pelo exterior, mas a barreira impede que algo saia. Portanto, Menou hipotetizou que talvez até mesmo Akari, que tem o poder de retroceder o tempo e reviver a si mesma, não seja capaz de escapar se ela estiver selada lá dentro.
Mas... , uma voz dentro de sua mente contestou. E se Akari já tiver voltado do futuro?

“... ... ”

Era uma teoria que ela começou a construir após o incidente em Garm: Menou de alguma forma fracassou em executar Akari, e ela retrocedeu o tempo do mundo inteiro.
Se elas estavam indo em direção à terra santa, era inevitável que passariam por Libelle. E uma vez que estivessem em Libelle, de maneira alguma Menou evitaria de pensar em prender Akari no nevoeiro. A ideia de livrar-se de Akari através do Pandemônio era uma inevitabilidade nesta jornada. Mas se esse método de eliminá-la realmente tivesse funcionado, Akari não deveria ter sido capaz de usar sua Regressão para voltar no tempo.
Ela se perguntou se algo inesperado aconteceria justo quando ela estivesse prestes a enviar Akari para o nevoeiro, mas tudo procedeu perfeitamente, sem incidente algum.
Então quando uma Luz Etérea brilhou no barco onde Menou estava, ela meio que já estava esperando.

Força Etérea: Conectar—NT?i?KC, Puro Conceito [Tempo]—Invocar [Regressão]

A luz cintilou no ar e criou a forma de um relógio. Ela já havia visto esse fenômeno antes. Enquanto Menou observava, a luz se dispersou e uma garota surgiu no meio dela.
Ao emergir do vazio, a garota prontamente bateu a testa.

“Aí?!” Ela soltou um gemido frenético.

Olhando para a garota que não estava no barco há meros segundos atrás, Menou soltou um suspiro.

“H-hein? Eu não estava dormindo na cabine?”
“Você acordou meio sonolenta e bateu a cabeça. Uma exposição vergonhosa, realmente.”
“A-ah, certo.” Olhando ao redor e piscando, Akari aceitou essa explicação. “Ahhh. Eu certamente dormi como um bebê.”
“Nunca tinha visto alguém dormir por tanto tempo só por causa de um remédio para enjoo.”

Mais uma vez, Akari não parece pensar que Menou tentou matá-la. Talvez ela tenha morrido no nevoeiro antes de sequer acordar.
Menou rapidamente encerrou a conversa e a guiou de volta para a cabine. Era improvável que logo Akari, de todas as pessoas, notaria, mas na remota hipótese dela perguntar porque o bote salva-vidas havia sumido, seria incômodo ter que inventar uma justificativa.

“Melhor voltarmos para o cais. Receber a brisa do mar por muito tempo faz mal aos cabelos.”
“Tá beeem. Não quero que seu lindo cabelo fique todo ressecado, Menou!”

Pandemônio.
Ela pensou que seria um método razoavelmente efetivo de execução, mas Akari voltou dos mortos. Como a Regressão é um poder altamente conceitual, ele é capaz de assegurar que ela seja revivida em um local seguro com seu corpo são e salvo.
Um local seguro... O que significa que no momento, Akari considera que o lugar mais seguro que ela poderia estar é ao lado de Menou.

“... ... ”

Menou teme que os poderes de Akari cresçam.
Puros Conceitos corroem gradativamente seus usuários. Como a Força Etérea é o que mais aproxima as pessoas da pura verdade neste mundo, eles até mudam as pessoas que os usam para se aproximarem de seus conceitos.
Aqueles que se tornaram Erros Humanos, perderam completamente suas próprias personalidades e agem puramente de acordo com seus respectivos Conceitos, levando a resultados desastrosos.
A forma mais óbvia de compensação são as memórias.
Quando Ádvenas como Akari usam Força Etérea, eles perdem suas memórias. Força Etérea extrai poder da alma do usuário e o controla usando seu espírito. Normalmente, o poder de uma alma pertence ao usuário, simplesmente. As pessoas que nasceram com muita Força Etérea muitas vezes estão em perigo de seus espíritos se desequilibrarem, mas isso é facilmente controlado com treinamento. Momo é um exemplo disso.
Mas os Puros Conceitos que são vinculados às almas de Ádvenas quando estes são convocados, certamente não são os poderes daquela pessoa.
O poder produzido por um Puro Conceito é mais forte do que qualquer indivíduo deveria ser, e sempre com um propósito específico. Como esses Puros Conceitos são uma substância estrangeira, eles naturalmente sobrepõem qualquer controle do espírito do hospedeiro.
Consequentemente, usar Força Etérea por meio de um Puro Conceito inevitavelmente envolve expulsar as memórias e a personalidade da alma como se fossem materiais externos. A pureza do poder aumenta a cada uso, até que finalmente, as regras tácitas do Puro Conceito dentro da alma daquela pessoa se tornam seus únicos princípios fundamentais e motivações.

Enquanto Menou olha para as costas de Akari, ela murmura para si mesma. “...Está tudo bem por enquanto, tenho certeza.”

Seu medo era somente que o Puro Conceito aumentasse seu poder? Ou ela estava com mais medo de outra coisa?

“Hmm? Tudo bem o que, Menou?”
“Estava preocupada com isso desde quando te vi no banho, mas... Eu acabei de verificar e você ainda não está rechonchuda. Por enquanto, está tudo bem com você, Akari.”
“Perdão!? Como assim, ‘por enquanto’!?”

Menou ainda não estava ciente de sua própria discórdia interior.
Era mais do que apenas o desapontamento que ela sentiu quando falhou em executar Akari. Quando a Força Etérea acendeu o barco, havia um pouco de alívio misturado em sua expressão. E a dor que ela sentiu em seu peito quando lançou Akari no mar à princípio, estava começando a ser mais do que simples culpa.
Era muito mais complicado, porém mais simples em alguns aspectos, uma emoção absolutamente natural.

Eu não quero fazer isso.

Bem no fundo, Menou estava vivenciando o mesmo sentimento que ela havia percebido das outras crianças no monastério.


*



O barco está levando o par de volta para o cais.
Menou está operando o pequeno barco movido a Éter. O básico para conduzir uma embarcação dessas estava entre os muitos ensinamentos que ela assimilou no monastério.
O barco deixa uma trilha cintilante de Luz Etérea na água. Akari está inclinada para fora para ver isso, então Menou fica de olho nela para o caso dela cair.

“Ah! Estou vendo o cais!”
“Sim, eu sei. Só para de se inclinar para fora. Isso me lembra da vez que eu quase me afoguei.”
“Hã? Você já caiu no oceano, Menou?”
“Sim, eu visitei esta cidade quando era pequena.”

Puxando Akari para longe da beirada, Menou volta a olhar em direção ao cais.
Cerca de cem embarcações de todos os tipos e tamanhos estão atracadas lá. A maioria são navios de pesca. A razão pela qual seus tamanhos tendiam a ser menores provavelmente era porque eles não poderiam navegar em mar aberto devido ao Pandemônio.
Akari acabou não caindo na água e elas voltaram para o cais em segurança.

“Terra firme é tão estável!” Akari gritou.

Mesmo sem a brincadeira de Akari, Menou sentiu olhares nelas assim que desembarcaram no cais. Ela verificou seus arredores discretamente, sem mover sua cabeça.
Algo estranho estava acontecendo na multidão.
Não eram cavaleiros; seus olhares eram muito descarados. Um verdadeiro cavaleiro seria um pouco mais sutil ao observar um suspeito. E haviam pouquíssimas razões para os cavaleiros ficarem de olho em Menou, afinal.
O que deixa apenas algumas possibilidades.

“...Deve ser a Fourth.”

Menou caminha ao lado de Akari, sem demonstrar reação.
Conforme elas seguem o cais às margens do mar, vozes começam a ser audíveis.

“Ooh!” O rosto de Akari brilhou.

Os passos das pessoas andando entre as fileiras de barracas, os casais sentados em bancos e conversando, os gritos dos vendedores e outros sons se mesclam e formam um barulho contínuo.

“Quanta agitação!”
“Sim, bom, esse é o mercado. Provavelmente a parte mais movimentada da cidade.”

A empolgação de Akari não foi nem um pouco prejudicada pela explicação calma de Menou.
Elas estavam visitando o mercado a céu aberto adjacente ao cais. É tão próximo ao oceano que pode-se ouvir as ondas batendo e repleto de barracas de rua.
Este mercado movimentado sustenta as vidas cotidianas das pessoas.
Existem incontáveis tipos de produtos à venda. O mais comum de longe são os pescados; o cheiro de peixe fresco fica mais forte quanto mais a pessoa se aproxima da costa. O segundo mais popular são as frutas e vegetais, mas se você olhar as barracas mais para o interior da cidade, também verá muitas outras necessidades à venda. Outras barracas vendem roupas e acessórios de segunda mão e algumas são mais suspeitas e vendem materiais de conjuração ou recipientes Etéreos gravados com brasões simples.
Como Libelle fica às margens da Fronteira Selvagem, às vezes os aventureiros trazem materiais e relíquias antigas para vender. Olhando ao redor da rua, pode-se ver pessoas que parecem aventureiros. Provavelmente, este também era o tipo de lugar no qual Momo vendeu as relíquias que encontrou.
Em pouco tempo, Akari cedeu à tentação e comprou uma fruta. Ela agora parece já ter se habituado com a moeda local e entregou uma moeda de cem in como se estivesse acostumada.

“Certo, Menou. Diga ‘ahhh’!”
Hyah.”
Oomph?!

Menou roubou a fruta que Akari estava pressionando perto de sua boca na brincadeira e a enfiou na boca de Akari. Akari arregalou os olhos, mas ao invés de entrar em pânico, ela apenas mastigou alegremente.

“O que é isso? É tããão gostoso!”
“É melancia. Gostosa e doce, não é? Elas estão em época de colheita atualmente.”
“Espera, sério? Tem uma cor diferente da melancia que eu conheço, e não tem sementes... Não parece mais um melão? Ah, mas agora que você falou, o sabor até que é parecido.”
“É mesmo?”

Akari ainda estava expressando sua análise desnecessariamente específica quando tudo aconteceu.
Um homem grande e robusto andou em direção a elas.
A princípio, não havia nada de incomum. Ele não parecia estar dando atenção alguma à Akari. A rua estava abarrotada, então ele era apenas uma das várias pessoas passando pelo mercado.
Mas algo nele deixou Menou em alerta.
O movimento de seus olhos, seu modo de andar, a maneira como ele mantém a mão direita em seu bolso de peito como se estivesse escondendo alguma coisa. E acima de tudo, era óbvio que ele estava muito ciente de Menou, também.

Deve ser ele. Menou passou pelo provável agressor, ainda agindo de modo perfeitamente casual.

Paralelamente, ela detecta a construção de uma conjuração atrás dela.

“Akari, abaixe-se.”
Bwuh?” Akari é pega de surpresa, com suas bochechas ainda cheias de fruta, enquanto ela falha em responder ao aviso aguçado de Menou.
Força Etérea: Conectar—Anel, Brasão—Invocar [Disparo Flamejante]

Uma esfera de chamas voa em direção às costas de Menou.
Era lenta. A construção foi desleixada. Também era de baixa potência. E praticamente sem discrição alguma. No geral, era uma conjuração de brasão malfeita.

Força Etérea: Conectar—Túnica de Sacerdotisa, Brasão—Invocar [Barreira]

A chama foi facilmente dispersada pela barreira de Menou.

Tsc!

Ao ver que seu ataque surpresa fracassou, o homem puxou uma faca. Ele também não estava sozinho—vários outros intervieram com ele.
Se aquela conjuração de brasão era o melhor que eles podiam fazer, Menou duvida que eles consigam machucá-la, independente de quantos ataques tentem, mas seria problemático se eles causassem qualquer dano ou ferissem as demais pessoas.

“H-hã!? O que está havendo!? Menou!”
“Acalme-se, Akari. Francamente, não consigo acreditar que eles nos atacaram em plena luz do dia no meio de todas essas pessoas... ”

O grupo diante delas devem ser membros da Fourth.
Se eles estavam atacando agora, significa que eles sabiam exatamente onde encontrar Menou, e quem ela realmente era.

Traição? Ela pensou inicialmente, então balançou a cabeça.

No mínimo, havia uma boa chance da própria Menou ser o problema. O incidente em Garm atraiu atenção demais para ela. Se eles filtrassem bem sua pesquisa a partir dessa informação, não seria impossível localizá-la.
A execução de uma figura relevante como Orwell foi um grave incidente no Reino de Grisarika. Somando isso ao fato de que ela era a aprendiz da infame Flare, talvez fosse o bastante para mudar sua posição de uma Executora comum para um objeto de grande interesse.

“... Isso vai dificultar as coisas.”

A multidão ao redor deles estava imóvel, com seus olhos fixados em Menou. Foi tão repentino que eles não entenderam o que aconteceu.
Dependendo de como ela lidasse com isso, estava mais do que evidente que eles estavam a segundos de entrarem em pânico. Então, Menou levantou sua voz claramente.

“Por favor, mantenham a calma. Permaneçam onde estão e abaixem-se!”

A razão pela qual a multidão obedeceu o aviso de Menou, é porque eles confiam inerentemente na Faust. Apenas aquelas que foram treinadas e cuidadosamente selecionadas podiam entrar para essa classe. Como resultado, cidadãos normais têm fé nas sacerdotisas.
Ao escutar a voz de alguém vestindo um traje sacerdotal, os passantes ainda pareciam nervosos, mas conseguiram manter a calma. Quando Menou viu isso, ela pôs a mão na abertura de sua saia e puxou a adaga escondida dentro do cinto amarrado ao redor de sua coxa.
Usando uma conjuração discreta demais para os homens notarem, ela cuidadosamente carregou sua adaga com Força Etérea.

Força Etérea: Conectar—Adaga, Brasão—Invocar [Fio Etéreo]
“Akari, abaixe-se também. Aqui, segure isso.”
“O quê—?”

Menou passou sua adaga para a Akari confusa, com bainha e tudo. Ela duvida que a outra garota saiba como usá-la, mas era perfeita para autodefesa. Com o Fio Etéreo ainda preso ao cabo, Menou deixou Akari onde estava e partiu para uma investida. Seus agressores estavam usando táticas que poderiam facilmente machucar transeuntes. Ela precisava nocautear todos eles antes que alguém se ferisse.
Todo o corpo de Menou brilha com Luz Etérea.
Após um passo, ela lançou-se do chão. Ela não deu aviso algum. Não havia necessidade de ter tal consideração por terroristas. Os agressores entraram em pânico com o movimento inesperado e começaram a construir conjurações, mas era inútil. Ela aterrissou diante dos homens antes que eles pudessem invocar seus ataques.

Ngh!

Menou foi de encontro ao seu primeiro alvo. Ela levou seu punho ao plexo solar dele, o deixando sem ar. Em instantes, ele estaria de joelhos, vomitando—ou foi o que Menou pensou.
Mas ao invés disso, seus olhos reluziam com fúria.

“Hmm?”

O homem contra-atacou. Ele fez uma investida perfurante com a faca, cobrindo sua dor com ira.
Seu nível de firmeza parece absolutamente sobrenatural. Ele não estava usando Aprimoramento Etéreo, e mesmo assim seus movimentos eram incrivelmente rápidos. Desconfiada, Menou derrubou a faca com sua mão esquerda e se aproximou, dando uma rasteira nas pernas do homem.
Quando eles ficaram à queima roupa, o homem caiu tão rapidamente que foi quase engraçado. Enquanto ele perdia o equilíbrio e despencava, ela o agarrou pela gola e o arremessou em outro inimigo que estava correndo em sua direção pelas costas.
Enquanto o par estava caindo e se debatendo descontroladamente, Menou já estava focalizando sua próxima presa.

“Merda! Sua—gah!

Com esse, dava três. Interrompendo o urro do homem com um chute giratório, Menou facilmente o lançou no ar. A abertura em sua saia esvoaça, revelando um vislumbre das pernas revestidas com botas por baixo. Mas embora suas pernas fossem formosas, elas também eram fortes o suficiente para nocautear a maioria dos homens com um único golpe.
Sua saia balança e volta à posição original. Mesmo enquanto destroçava o inimigo com artes marciais, Menou franziu suas sobrancelhas.
Sua intenção era quebrar um ou dois ossos pelos problemas do homem, mas a julgar pela sensação através de sua bota, seu chute nem sequer causou uma rachadura. Isso parecia mais estranho a cada instante.

“Já chega disso.”

Escutando uma voz atrás dela, Menou virou-se lentamente.

“Não se mova, Flarette. A menos que não se importe com o que aconteça a sua amiga aqui.”

Era o homem que atacou Menou primeiro com a conjuração malfeita. A ponta de sua faca estava pressionada contra a garganta de Akari; ele deve ter agarrado ela enquanto Menou estava lutando.

“M-Menou... E-essas pessoas estão atrás de mim... ?”

Então ela estava escutando quando Menou alertou-a na casa de banho no dia anterior. Akari estava com a adaga que Menou deu à ela, mas claro que ela não sabia como usá-la.
Isso era, ao que tudo indicava, uma situação de refém. O homem estava segurando uma faca no pescoço de Akari e sorrindo triunfantemente, certo de sua vitória.

“Você fez uma atração e tanto—Acho que deveríamos ter esperado isso da sucessora de Flare... Epa, sem gracinha, ou alguém vai morrer.”

Percebendo a contração de Menou para frente, o homem novamente usou Akari como escudo.
Os homens que Menou nocauteou também já estavam se levantando. Eles receberam dano demais para se recuperarem tão facilmente, mas eles são estranhamente resilientes.

“Vocês parecem ser bem durões... Por acaso, estão usando aquela ‘monstrina’?”
“Acertou. Incrível, não?”

Então sua durabilidade era um efeito da droga, embora eles nem parecessem estar cientes de que estavam se metendo com uma substância perigosa. Ignorando a fanfarronice do homem, Menou estimou que aquilo provavelmente possui cerca da mesma potência de um Aprimoramento Etéreo usado por um aventureiro de terceira categoria.

“Que problemático... E como você soube quem eu sou, exatamente?”

O inimigo claramente tinha confiança de que sua informação sobre Menou estava correta. Ao invés de tentar enganá-los, ela decidiu que era melhor perguntar abertamente, contando com o evidente orgulho do homem para obter uma resposta.
E certeiramente, ele mordeu a isca. Sorrindo presunçosamente, ele rapidamente expôs sua organização.

“Rumores começaram a circular sobre todo aquele tumulto na nação vizinha, você sabe. Ouvimos falar também que você confrontou diretamente nossos companheiros no Reino de Grisarika. Foi você que nos impediu de trazer nosso líder de volta, não foi?”

Tal como Menou suspeitava, era o incidente Orwell. Para piorar as coisas, parece que eles também conseguiram informações sobre o grupo que assaltou o trem para Garm. Todos eles faziam parte da Fourth, mesmo sendo de nações distintas.

“Executora ou não, você ainda é parte da Faust. Nunca que você seria capaz de abandonar uma refém diante de todas essas pessoas. Além disso, essa aqui é importante pra você, não é?”

A julgar pela sua atitude, Menou suspeita que ele possa até saber da natureza de Akari, também. Tentando entender melhor as táticas da organização inimiga, ela decidiu fingir nervosismo e continuou questionando-o um pouco mais.

“O que vocês querem?”
“É simples. Nós queremos te eliminar, Flarette. E no meio tempo levaremos essa aqui conosco, também.”

Então eles sabem que Akari é uma Ádvena, assim como Menou temia.
Esse vazamento de informação era grande até demais. Por um momento, Menou deixou seus ombros caírem.
Levando aquilo como um sinal de derrota, o homem sorriu ainda mais. Mas claro, Menou não tem intenção de desistir. E as ações de um grupo como esse eram mais que previsíveis.
Tudo se desenrolou exatamente como ela esperava, até no ponto de Akari ser pega como refém.

“Bom, agora eu tenho mais perguntas. Vou me certificar de pedir aos cavaleiros para lhe interrogarem minuciosamente.”
“... Você tem noção da posição em que está nesse momento?”
“Ah, sim. E detesto te dizer isso, mas essa idiota era apenas uma isca.”
“Hã?”

O homem parecia ter suas dúvidas. Balançando sua cabeça perante a completa ignorância dele, Menou deixou seu poder fluir no Fio Etéreo que ela ainda estava mantendo.

Força Etérea: Conectar (via Fio Etéreo)—Adaga, Brasão—Invocar Remotamente [Vendaval]

O Vendaval soprou a adaga nas mãos de Akari.

Ungh?!

A súbita rajada de vento fez o homem que estava ameaçando Akari cambalear surpreso.
Ele não percebeu que Menou estava preparando esse ataque, então foi pego desprevenido pelo vento, incapaz de resistir enquanto este o soprava para trás. O grupo de agressores não reparou que Menou ainda estava segurando o Fio Etéreo enquanto lutava, embora o fato de que ela o havia ocultado com Camuflagem Etérea tenha ajudado.
Não havia como estrategistas tão patéticos surpreenderem Menou. Enquanto o homem perdia seu equilíbrio, Menou passa por entre seus inimigos. Ela usou o Fio Etéreo puxado atrás dela para prender os homens, tornando-os imóveis e derrubando-os no chão.

“Que incrível, Menou! Eu sabia que conseguiria.”
“Mas é claro. Afinal, eu sou uma sacerdotisa pura, justa e forte!”

Livre de seu raptor, Akari correu até Menou, que estava sorrindo orgulhosamente. Elas estavam em público. Para tranquilizar a multidão ao redor delas, ela preferiu deliberadamente ressaltar suas próprias virtudes
Menou se afastou de Akari durante a batalha justamente porque ela sabia que a garota muito provavelmente seria pega como refém. O inimigo baixaria sua guarda uma vez que tivesse a vantagem, permitindo que ela vencesse facilmente com os preparativos corretos.
Alguém no mercado deve ter chamado por ajuda: Cavaleiros vieram correndo tardiamente e levaram os homens sob custódia.

“Então aquilo era monstrina... ” Menou murmurou para si mesma.

Seria preciso bastante conhecimento e habilidade para produzir uma droga fortalecedora como aquela. Estava muito claro para Menou agora que ela acabou de enfrentar pessoas que estavam sob sua influência.

Manon Libelle... Ela pode ser uma ameaça ainda maior do que eu pensava.


*



Manon pressionou uma mão sobre seu coração acelerado após o alvoroço que acabou de acontecer.

“Nossa, isso me espantou... ”

Ela foi ao mercado comprar uns petiscos depois daquela reunião tremendamente enfadonha, apenas para presenciar o exato ataque que eles haviam acabado de discutir.
Como sempre, eles eram rápidos para agir nos momentos mais inoportunos, tendo em vista como eles iniciaram o ataque logo após a reunião terminar. Até Manon tinha que admitir que ela provavelmente havia se desligado da conversa um pouco mais demais.

“Então aquela era a Flarette?”

Ela olhou fixamente para a sacerdotisa de longe. Ela era uma jovem mulher adorável com seu cabelo castanho-claro puxado para trás por um grande laço. A abertura na saia de seu traje sacerdotal permite um vislumbre encantador de suas longas pernas.
Manon não era a única a olhar para ela. Após aquela comoção, toda uma multidão estava boquiaberta, cheia de curiosidade. No mínimo, aquilo ajudou a fazer o olhar de Manon parecer mais natural.
Ela também ouviu o seu nome. A garota perdida a chamou de Menou.

“Srta. Menou, não é? Parece injusto uma garota linda ser tão forte.”

Manon pediu uma fruta de uma barraca próxima. Eram cem in por fatia, o que parecia uma quantia razoável.
Menou, a sucessora de Flare, partiu com sua companheira e deixou os homens capturados nas mãos dos cavaleiros.
Os agressores fracassados estavam sendo arrastados pelos cavaleiros. Eles provavelmente seriam interrogados na estação. Esses homens não possuíam uma fortitude decente; sem dúvida revelariam todo tipo de segredo.
Antes dela morder a fruta, Manon parou para refletir.
Ela poderia deixá-los ir, mas não seria nem um pouco ideal se qualquer informação extra se tornasse pública. E mais importante, Manon tinha suas próprias razões para sentenciar os homens a morte.

“Foi ele que falou mal da Mamãe na reunião de hoje, não foi?”

Manon tirou uma pílula vermelha de sua manga. Felizmente para ela, todos aqueles homens estavam sob a influência da monstrina. Havia inúmeras maneiras de lidar com eles.
A mãe de Manon foi morta por Flare, assim como eles mencionaram na reunião da Fourth. A razão é simples: Sua mãe era uma perdida com um Puro Conceito.
A pílula rolando sobre a palma de sua mão brilhou em vermelho.

Força Etérea: Sacrificar—Conluio do Caos, Puro Conceito [Maldade]—Convocar [A criança está faminta.]

A pílula na mão de Manon foi oferecida como um sacrifício.
Isso interferiu com a droga que já estava fundida em seus corpos e invocou uma conjuração.
Atrás dela, houve uma súbita comoção. Os homens capturados estavam resistindo. Não, era mais do que uma mera resistência.

“Ei, acalmem-se—espera, o-o que está acontecendo com eles!?”

Os corpos dos homens estavam sofrendo transformações. A monstrina que eles absorveram disseminou suas raízes dentro deles, e agora estava subitamente corroendo seu tecido corporal e mudando sua forma. Suas mãos e pés se transformaram em garras afiadas e seus cabelos se fundiram com sua pele e endureceram.

“Eles estão virando monstros... !”

Os cativos que uma vez foram homens, renasceram como monstros.
Gritos e choros surgiram da multidão enquanto eles testemunharam o inconcebível. Foi um alvoroço muito mais desenfreado do que o ataque que ocorreu instantes antes. Os recém transformados monstros se livraram de suas amarras e estavam atacando indiscriminadamente.
Dessa vez, tudo foi como esperado. Manon não lhes deu atenção enquanto mordia sua fruta.
Crunch. Seus sucos jorram em sua boca.

“Mmm, delicioso.”

Manon foi embora, apreciando seu lanche, enquanto atrás dela, os homens que haviam se transformado em monstros e entraram em fúria foram derrotados pelos cavaleiros.

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