- Prólogo

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Prólogo




Tradução: Gabrielfsn
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Uma vez a cada lua azul, eu tenho este sonho.
É sempre em uma sala de aula de um colégio japonês que eu nunca fui.
Todos usam uniformes diferentes. Tem estudantes com jaquetas, blazers, uniformes de marinheiro... Apesar das suas vestimentas estarem em discordância, por algum motivo, nada parece fora do lugar.
Quando eu entro na sala, todos param de conversar e olham para mim.
É quente lá dentro—nenhum vestígio de clamor ou conflito. Ninguém está empunhando armas. Ao invés de estarem imersos em seus estudos, todos estão livres para passar o tempo da maneira que preferirem.
Quando eu os cumprimento, eles me recebem com sorrisos amigáveis, conversando sobre nada em particular.
Eu sou amiga de todas na sala, mas uma delas é minha melhor amiga.
Nós somos muito próximas. Não há segredos entre nós. Ver a minha amiga rir ou sorrir é tudo o que preciso para me sentir feliz. E se eu estou feliz, minha amiga também está. Como eu sei sobre o passado trágico da minha amiga, e ela entende os meus maiores arrependimentos, nós podemos compartilhar deste vínculo.
Eu converso com minha melhor amiga sobre nada em particular enquanto esperamos a aula começar.
É um sonho ridículo, é claro, e eu nunca poderia contar a ninguém sobre ele.
Mas é um sonho que tenho de vez em quando.


***



Ele acabou tendo que passar a noite debaixo de uma ponte na cidade ao ser convocado para outro mundo.

“Por que eu tenho que passar por isso?!”

Mitsuki não conseguia mais aguentar, gritando ao sol da manhã e um coro de passarinhos.
Ele foi convocado para este mundo um dia antes, transportado para longe de sua casa bem quando decidiu vestir seu uniforme do ginasial por nostalgia. E quando ele foi levado para uma audiência, o homem que parecia ser o rei enxotou-o para fora, alegando, “Pois bem... Você não nos é necessário.”
Duas frases foram mais do que suficientes para resumir essa absurda série de eventos. Tudo aconteceu tão rápido. Sem ter mais para onde ir, ele acabou passando a noite em prantos embaixo de uma ponte.

“Aquele rei é inacreditável... Ele podia pelo menos ter me dado alguns trocados. Ngh... Estou faminto...”

Mitsuki choraminga próximo do fluxo gentil de água balbuciante.

“Acho que a vida também não é fácil em mundos fantasiosos...”

A realidade penetra profundamente em seus ossos depois de uma noite sem uma casa.
No mundo real, ele vivia recluso, deprimido com a sua falta de sorte depois de perder todas as provas de admissão de ensino médio por conta de uma febre grave, o que o forçou a ter um ano sabático involuntariamente. Obviamente lhe faltava iniciativa e imaginação para resolver seu dilema atual sozinho.
O estômago de Mitsuki ronca, mas ele não tinha com o que se alimentar.

...Será que eu vou morrer de fome no meio da cidade?

Sua fome alimentou pensamentos do pior cenário possível, causando calafrios em sua espinha.

“Eu me recuso. Se é assim que vai ser, eu terei que roubar...!”

Enquanto o desespero obscurece sua mente, Mitsuki pondera sobre uma nova forma de viver.

“Um ladrãozinho, é...? Se eu for pego, a polícia vai ligar para os meus pais... Espera, eu sou um idiota. Eu gostaria que eles me buscassem.”
“—i, você.<     bem aí.”
“Isso é um mundo totalmente diferente. Se as leis e práticas não forem as mesmas do Japão, pode ser perigoso cometer um crime...”
“—falando com você. Ei! Oláááá?”
“Mas eu tenho outra opção...? Merda! Eu odeio esse lugar! Por que tantas coisas ruins aconte—?”
“Com licença! Pode me ouvir!?”
“Ah, uh, sim! Nada demais por aqui, sr. guarda!!” Mitsuki se engasga de nervoso, como se seu coração fosse saltar para fora.

Ele se vira, dando de cara com uma belíssima e jovem mulher. Ele certamente despertou agora.

“O quê? O que está olhando?”

Ela fixa seus olhos em Mitsuki, observando-o desconfiadamente por sua reação exagerada.
Havia algo maduro nela, embora ela devesse ser quase da mesma idade que Mitsuki, senão mais velha. Seu cabelo castanho claro era como a cor do leite com uma gota de café; estava amarrado em um rabo de cavalo com um grande laço preto.

“Eu não sei o que estava tramando, mas serei tolerante se não deixar-se levar. Nosso Senhor é generoso. Obviamente, eu sigo seus passos e demonstro uma atitude aberta como uma sacerdotisa!”

Como ela acabou de dizer, ela de fato estava em trajes clericais, carregando um livro pesado de escrituras em sua mão esquerda. No geral, suas vestes índigo passavam uma sensação imponente, mas por algum motivo, a abertura em sua saia se estende até o topo de sua coxa direita.

“Então estou correta em assumir que você é o vagabundo aborrecido que tem dormido debaixo desta ponte?”
“Vagabundo? Ai... Mas sim, eu acho...”
“Imaginei. Nós recebemos relatos de bons cidadãos da Plebe, a terceira classe na ordem hierárquica social. Eles nos imploraram para fazer algo a respeito de um indivíduo esquisito que não para de chorar debaixo da ponte, sem nem estar bêbado ao algo parecido.”

Mitsuki não conseguia deixar de olhar para o céu.
Justo quando ele pensou que uma garota deslumbrante finalmente se aproximou dele neste mundo fantasioso...

“Esse universo alternativo é um saco... Que merda. O que eu fiz para merecer isso?”
“O que houve? Você já chorou a noite toda. Por que parece que está prestes a explodir em lágrimas de novo? Parece que alguém aqui tem muito sal e água de sobra. Algo tão horrível assim aconteceu com você?”
“Sim. Estou quebrado.”

Mitsuki não viu razão para tentar esconder.
Há muitos outros motivos para a sua miséria, claro, mas seu problema financeiro foi o primeiro que veio à mente.

“Uhum. Sem teto e sem dinheiro. Aposto que suas economias foram roubadas assim que você chegou na cidade porque estava com as cabeças nas nuvens. Por que não corre de volta para a casa da sua mamãe? Ou vai dormir no sofá de um amigo?”
“Eu adoraria voltar para casa—se eu tivesse uma. Além disso, eu não conheço ninguém.”
“Entendo. Sem amigos também, né?”

Ela acena para si mesma, tirando suas conclusões.
Suas características faciais são ilusoriamente maduras por todas as expressões vivas que ela faz. Seja intencional ou acidentalmente, suas afirmações parecem acertar em cheio.

“Sem teto, sem dinheiro e sem ter para onde ir... Já sei! Por que não vem ficar comigo?”
“Quê? Por quê?” Sua reação instintiva foi se manter cauteloso.
“Não reconhece minhas roupas?” Ela incisivamente balança a bainha de suas vestes sacerdotais.

A ousada abertura em sua saia expõe sua perna direita e sua bota com laço. Mitsuki também teve um vislumbre de uma liga de couro enrolada em sua coxa, o que foi uma experiência quase fatal para um jovem garoto.

“Eu sou uma sacerdotisa da Faust, a Primeira Classe. Meu nome é Menou. Dito isso, não é normal que eu ofereça ajuda a pessoas com necessidade?”

A garota chamada Menou orgulhosamente joga seu rabo de cavalo para trás.
No entanto, isso tem pouco significado para Mitsuki, que não sabe de nada sobre este mundo.

“...É assim que funciona?”
“Uhum. Você tem algum tipo de identificação? Embora sejamos aliados da Plebe, não podemos ser vistos estendendo a mão para criminosos. Nós não podemos acolhê-lo se você não puder provar quem você é, e de onde veio.”
“Um... Eu sou de outro mundo?”

Mitsuki estava tão exausto, que ele nem conseguia reunir energia para esconder isso. Ele sabia que ela iria duvidar de sua sanidade.

Ela arregala os olhos surpresa. “Ah. Então você é um perdido.”
“Um o quê?”

Mitsuki fica meio aliviado e meio chocado por ela ter aceitado sua afirmação tão prontamente.

“Um termo geral para as pessoas que vêm parar neste mundo. Elas vêm de um lugar chamado 'Japão' na 'Terra' ou algo assim... Hmm... Agora que você mencionou isso, suas roupas parecem mesmo esquisitas.”

Ela examina seu uniforme de jaqueta, acenando.

“Não é à toa que você não tem para onde ir. Mas não se preocupe. Tomar conta de ovelhas perdidas também faz parte do nosso trabalho!”
“É sério?! Dinheiro, por favor!”
“Como é que é? Vai sonhando, malandro.” Ela sorri para ele, embora Mitsuki tenha notado que pela sua voz, ela não faria nada quanto a isso.
Mitsuki abaixa sua cabeça, se curvando. “Sinto muito! Eu fui longe demais.”
“O que importa é aprender a lição. Vou te levar até a igreja. Não tema! Nós temos muitas conexões. Até amanhã você terá um trabalho! E nada de tarefas manuais horrendas!”
“Quê? ...Eles não acolhem as pessoas de graça?”
“'Se alguém não quer trabalhar, que também não coma.' Já ouviu falar? É uma pepita de sabedoria de um provérbio antigo.”
“Ugh...”

Mitsuki a segue penosamente, absolutamente derrotado. Ele baixou a guarda. Embora eles tenham acabado de se conhecer, ele sentia que podia falar com ela.

“Hmm... Me pergunto o que seria adequado para você. Eu recomendo construção. É um ambiente de trabalho maravilhoso que sempre tem alta demanda.”
“Não sei. Parece um ponto ruim para começar uma procura por trabalho... Não tem ninguém contratando aventureiros ou algo assim?”
“Hmm? Parece que toda geração tem gente imprudente ansiando para se aventurar na Fronteira Selvagem. Não posso dizer que recomendo. Há uma razão para termos desistido de nos instalarmos por lá, sabe. Se não puder se defender por conta própria, você morre. Seja como for, eu diria que esse é um ponto terrível para começar.”

Parece que aventureiros existem por aqui. Típico de um mundo fantasioso. Mitsuki fica impressionado enquanto Menou continua sua explicação.

“Você certamente pode fazer uma fortuna se der certo, mas a maioria dos aventureiros são criminosos sem um lugar na sociedade. A cidade é muito mais segura, então você deveria apenas abaixar sua cabeça e trabalhar em construções. Ah, e como nós estaremos encontrando-lhe um trabalho, você precisará doar-nos vinte por cento de seu salário. Ufa! Acho que poderemos passar por este mês seguros!”
“...Isso é uma igreja ou uma agência de emprego? Vocês pegam uma fatia enorme dos lucros.”
“Ei, fecha essa matraca. Diferente da Nobreza, nós não cobramos impostos dos plebeus. Nós passamos de raspão com doações e contribuições. Especialmente os lugares pequenos!”

Mitsuki não estava feliz com os termos que ela ofereceu, mas ele entende muito bem a situação de não ter dinheiro o suficiente.

“Entendi... Parece que é difícil para todo mundo.”
“Que bom que entendeu... Apenas sobreviver já é difícil o suficiente.” Parece que Menou tem suas próprias dificuldades.

Mitsuki teve um lampejo de inspiração.

“Espera. Eu não posso capitalizar minha inteligência de outro mundo?! Tipo, ensinar as pessoas a fazer essa coisa incrível chamada maionese!”
“Acho difícil. Maionese é deliciosa.”

Menou oferece um sorriso de pena enquanto frustra suas esperanças.

“Ovelhas perdidas vêm ao nosso mundo há muito tempo. Acho que já aprendemos sobre tudo o que há para saber. A não ser que você tenha algo mais especializado para oferecer?”
“Não, nada...”

No final das contas, Mitsuki era basicamente um recluso, impedido de começar o ensino médio, mas por outro lado, um garoto normal.
Ele não suporta a ideia de ficar encalhado aqui, depois de se sentir tão patético debaixo daquela ponte na noite passada.

Ele começa a implorar, “Sinto muito por ser inútil! Por favor, não me deixe...!”
“Não se preocupe.” Menou para de andar, gira sobre o calcanhar e sorri para ele. "Sacerdotisas são puras, justas... e fortes! Nós nunca abandonaríamos uma pessoa com necessidade.”

Sua resposta foi mais reconfortante do que ele esperava. Quando ela estufou o peito, seu sorriso foi mais honesto e ofuscante do que tudo que ele já viu.
Seu coração para por um segundo. Mitsuki coça a bochecha para esconder seu embaraço.

“L-legal. Parando para pensar, por que eu fui convocado aqui para começar?”
“Não me pergunte. Eu não faço a menor ideia do que a Nobreza está pensando.”
“Existe algum lorde demônio ou algo assim? Até onde eu sei, isso é algo básico nessas histórias.”
“Bom, a Fronteira Selvagem é vasta, mas eu nunca ouvi sobre algo do tipo. Com a atual ordem mundial, não há grandes guerras. Graças e louvores ao nosso grande e generoso Senhor.”

Eu não sei os detalhes dessa denominada “ordem mundial,” mas acho que não há grandes batalhas acontecendo no momento.

“Será que o rei não está tramando algo? Talvez usar pessoas de outros mundos como armas para uma guerra expansionista?”
“Acho que você está pensando demais... Bom, eu me lembrarei de mencionar isso para os meus superiores mais tarde. Deixarei os assuntos dos cabeças da Nobreza com os cabeças da Faust. Eu tenho minha própria missão honrosa: ajudar a ralé da sociedade como você.”
“Entendi. Acho que isso significa que você está no nível mais baixo da Faust, se encarregando de pessoas como eu.”
“Olha a boca. Eu poderia largá-lo aqui e agora, vagabundo.”
“Ó, Ilustríssima Madame Menou! Eu sei que você possui um coração benevolente. Por favor, tenha misericórdia desta alma!”
“Muito melhor. Vejo que entendeu o seu lugar.”

Mitsuki gira meia volta e Menou acena com satisfação.

“Eu acabei de me lembrar de algo. Se você é um perdido, você deve ter habilidade especial. Vamos tentar pensar em um trabalho para você que faça uso dela. Honestamente, apesar de eu ter recomendado construção...” Ela avalia seu físico, franzindo as sobrancelhas. “Você é franzino e pálido... Não seria bom para mim se você acabasse desmaiando no trabalho.”
“Cale-se!”

Eu posso não ter muita confiança em fazer trabalho braçal, mas você não precisa jogar na minha cara. Um jovem rapaz, até mesmo um como Mitsuki, pode se sentir bem sensível quando uma garota o chama de fraco.

“Certo, certo. Você é um jovem robusto. Então, você sabe qual é a sua habilidade?”
“Habilidade, é...?”

Eles mencionaram habilidades especiais no castelo onde Mitsuki foi convocado, mas lembrar dos eventos o deixam desconfortável.

“Eu não tenho. Eles disseram... que o meu poder é Nulo.”
“O quê?” Menou congela. “Não... Não pode ser.”

Ela fica imóvel por um único instante, mas havia algo diferente em sua voz quando ela começa a andar novamente. Parece que Mitsuki não correspondeu às expectativas, mas ele não podia esconder a verdade.

“Foi o que me disseram.”
“Certo... Mas eles tinham provas?”
“Sim, eles verificaram isso com uma bola de cristal. E aparentemente apareceu como nulo.”
“Uma bola de cristal que avalia habilidades...? Se isso pode mostrar... o puro... Eles estão escondendo um antigo...?” Menou olha para baixo, murmurando algo para si mesma.
“O quê?”
“Hmm? Nada. Estranho você ser enxotado pelos mesmos que te convocaram. Tem certeza de que não fez nada que os tenha ofendido?”
“Eles me botaram pra fora antes mesmo de eu ter dito algo. Talvez eles só precisassem da garota que foi convocada comigo?”
Os olhos de Menou brilham. “Uma garota, é?”
“Sim. Super fofa, com seios enormes. Mas eu só a vi de relance.”
“E qual é a habilidade dela?”
“Vai saber.”

Mitsuki foi expulso em questão de segundos. Aconteceu tão rápido que ele suspeitou que estavam tentando esconder a garota dele, então ele não sabia nada sobre ela.

“Mas aposto que é algo incrivelmente poderoso.”
“Ah é? E por quê?”
“É assim que funciona.”

Mitsuki parece ter inveja da garota que pôde ficar. Para matar o tempo durante seu ano livre, ele devorou web novels que geralmente apresentam esse tipo de enredo, então ele estava convencido de que este era o caso.

“É mesmo? Mas eu ainda acho que você também tem uma habilidade especial.”
“...Corta essa. Eu já disse que não tenho.”

Ele não conseguia deixar de se irritar com a Menou, por ela oferecer palavras de consolação. Ele acabou de ser traído por aqueles que o convocaram. É difícil para ele até mesmo tentar atender às expectativas dela.

Enquanto Mitsuki se aborrece, Menou olha para o vazio. “Na verdade, você simplesmente tem que ter. Do contrário, as atividades da igreja deste mês podem...,” ela murmura de uma forma sinistra.

Menou para de andar. Eles chegaram ao seu destino.

“Aqui estamos. Eu gerencio esta igreja.”
“Hmm? H-hein... É sério?”
“É sério.”

Com um sorriso falso estampado em seu rosto, Menou coloca sua mão no portão frontal, o qual abre com um ruído enferrujado.
Nada de bom poderia sair desta igreja. O portão estava em ruínas, o jardim coberto por uma selva de mato, e ele até notou que faltava uma dobradiça na porta pela qual entraram.

“Uh... Pessoas moram mesmo aqui...? Porque você poderia ter me enganado... Digo, parece que alguém tentou arrumar uma ruína antiga.”
“Bom, você sabe o que dizem. Pedintes não podem escolher.”
“Cara, tudo sobre este mundo parece piorar a cada minuto.”

Como Mitsuki já havia suspeitado através de suas conversas de agora há pouco, ele não ficou chocado quando viu que Menou parecia tão quebrada quanto ele. O interior da igreja estava num estado deplorável, fazendo a sua atitude alegre parecer quase depressiva.

“Vamos. Tem muitos quartos. Fique à vontade para ficar por um tempo.”
“É seguro...? Eu não quero acordar de manhã enterrado vivo debaixo de destroços.”
“Ah, é perfeitamente seguro.”

Mitsuki olha com nervosismo as rachaduras nas paredes, presumidamente por anos de uso. Menou faz um sorriso radiante suspeito.

“Desde que os residentes tenham fé, a sagrada igreja nunca irá desabar. Digo, veja o capítulo dois, verso cinco: 'Regozijai-vos, pois o muro que cerca um piedoso rebanho de ovelhas nunca ruirá.' Viu? Ela nunca irá desmoronar!”
“Hm, soa como um prenúncio perfeito. Isso não é bom. Você deveria solicitar alguns construtores para vir aqui antes de você mesma contratá-los. Acho que eu estava mais seguro passando a noite debaixo da ponte.”
“Eu já falei que não tenho dinheiro!” Menou demonstra uma mini fúria.

O estado lamentável da igreja parecia ser um tópico doloroso para ela. Ela aponta para ele e começa a ficar enfurecida.

“Olha pra você, chorando e falando 'ai de mim' depois de ficar sem comer por um dia! Pois saiba que isso não é nada! Tente viver com apenas alguns grãos de sal por uma semana! Então você realmente saberá o significado da fome! Consertar a igreja? Se eu tivesse o dinheiro, eu iria priorizar alimentar as pessoas que sobrevivem com nada além de sal!”

A julgar pelas lágrimas em seus olhos, ela obviamente se referia a si mesma.

“Está bem! Certo! Eu errei. Vamos nos acalmar! Pode ser?”

Menou respira, ainda com tom de choro. “Se você quer se desculpar, então teste suas habilidades... Não se preocupe. Uma alma perdida deve ser capaz de usar Força Etérea intuitivamente.”

“Certo...mas eu não consigo...e o que é isso, afinal?”
“Cale-se e tente!”

Ela ainda estava no modo furiosa.

“Se você é um perdido, tudo o que precisa é de foco! Use seus super poderes para fazer algo com aquela estátua. Ela está condenada a ir para a loja de penhores de qualquer forma!”
“Espera. Quê? Loja de penhores? Você não é uma mulher santa?”

Isso parecia totalmente inapropriado para uma sacerdotisa, mas Mitsuki entende como estar quebrado faz todo o tipo de coisa com o cérebro. Ele não queria insistir no assunto por medo de fazê-la se sentir pior.
Mitsuki nem tinha ouvido falar sobre Força Etérea antes, mas ele fez como lhe foi dito e focou. Para a sua surpresa, ele encontrou um poder fluindo naturalmente dentro de si, ele não sabia o porquê de não ter notado isso antes.

Força Etérea: Conectar—

Confuso pela sensação misteriosa, Mitsuki tentou botar aquilo para fora. Hm. De fato é bem intuitivo.
Ele foca na estátua, e uma fraca luz fosforescente ilumina seu corpo e o encobre.
De repente, um desejo irresistível cresce em sua alma.

Puro ConceitoS?T?i?K??? [Nulo]—

O poder que surge de seu corpo segue uma trajetória bizarra. Ele emerge da consciência de Mitsuki, conectando a energia do mundo no limite de todo pensamento e noção. Finalmente, um pedaço do mundo se encaixa dentro dele.

Invocar [Eliminação]

Por apenas um instante, ele sentiu um desconforto e desgosto indescritíveis.
Então ele ofega, voltando aos seus sentidos. A estátua se foi.

“Não...está mais lá. O que está acontecendo? E-espere! Você não vai usar esse poder em mim, vai?! Um! Nós viemos em paz!” Menou exclama, soando como um exército inimigo em trégua.
“É claro que não!”

Suprimindo uma risada, Mitsuki verifica sua habilidade mais atentamente.
Ele entendeu instintivamente que o objeto que desapareceu foi literalmente transformado em nada.

“Cara, que loucura. Eu aposto que conseguiria causar sérios danos como um aventureiro, viu?”

Menou mencionou que essa profissão é perigosa, porém recompensadora. Mitsuki tinha mais potencial para contribuir com esta igreja degradada como um aventureiro do que como ajudante de construção.

“Verdade. Uma habilidade como a sua certamente pode ser bem destrutiva.”
“Não é?”

Menou se esgueira por trás dele. Talvez ainda estivesse com medo de sua recém-descoberta habilidade.
Pela primeira vez desde quando chegou, Mitsuki estava começando a se sentir esperançoso.
Com isto, ele com certeza poderia dar uma lição no rei. Na verdade, se eles se encontrarem novamente, Mitsuki poderia usá-la para 'eliminá-lo' completamente.

“E a Força Etérea pode fazer o seu corpo mais forte temporariamente. Se você aprender a controlá-la, você será capaz de fazer ainda mais.”
“Aah, que legal!” Ele estava animado.

Logo atrás dele, Menou usa energia para aprimorar sua própria força—uma técnica conhecida como Aprimoramento Etéreo, onde o usuário tira poder de sua alma e o permite preencher sua carne.
Com seu corpo banhado com um brilho fosforescente—Luz Etérea—o que sinalizava a ativação de Aprimoramento Etéreo, Menou desliza sua mão pela abertura de sua saia. O cinto de couro em sua coxa direita ocultava uma única adaga.

“Um aventureiro, né?! Isso finalmente está começando a parecer fantasia de fato. Eu irei Nulificar tudo que cruze o meu caminho!”
“Heh. Tenho certeza que sim.”

Menou sorri e acena enquanto Mitsuki, tremendo com a empolgação, ergue seus punhos.
Seu futuro estava começando a brilhar. Eu apenas tenho que Nulificar tudo o que tente me impedir—ou que fique no meu caminho, ou que eu não considere certo.
Esta foi a habilidade que ele adquiriu do Puro ConceitoS?T?i?K???.

“Ha ha. Sim, isso mesmo. Eu posso transformar qualquer coisa em nada. Agora eu estou ficando empolgado!”
“Bom, tudo isso graças ao meu conselho. Você deve ser grato.”
“Sim, é verdade!”

No final das contas, ele devia tudo a Menou. Se ela não tivesse dito a ele sobre isso, ele poderia ter morrido em alguma situação antes que tivesse ciência desta habilidade.
Menou era uma aliada. Não havia necessidade de usar seus poderes contra ela.
Com gratidão e esperança pelo futuro, Mitsuki vira para encará-la com um sorriso.

“Certo, Menou. Me apresente para suas conexões para que eu possa ser um aven—”



Seu sorriso congela enquanto uma adaga perfura sua cabeça.

“Hbuh?”

Um som inumano vaza dos lábios de Mitsuki, tão estranho que parecia quase cômico.
A lâmina despedaçou a parte mais fina de seu crânio, perfurando seu cérebro. Sua vida é drenada pela ferida. Foi um milagre ele não ter morrido instantaneamente. Mitsuki tem uma última visão antes de cair no chão.
Era Menou, segurando a adaga em sua cabeça.

“Por...quê...?”

Ele estaria morto em alguns instantes. Afogado em desespero por esta traição, um poder se acumula violentamente dentro dele.

Força Etérea: Conectar—Puro ConceitoS?T?i?K??? [Nulo]—Invocar [O que n está acontecendo rrivel c dessa forma ulificar tud este mundo um pou melhor como pôd Menou]

Energia flui de sua alma, preenchendo o corpo de Mitsuki.

“Ah!”

Menou fica pálida, sentindo algo irregular conjurando do garoto à beira da morte.
Um lampejo surge de seus olhos, e Menou mergulha para o lado para desviar, rolando e tombando pelo chão.
Não houve estrondo, nenhum som de destruição fantástico. Na verdade, foi tão quieto que alguém poderia pensar que nada aconteceu.
Mas quando Menou se levantou, ela sentiu uma brisa suave—a luz do sol da tarde em sua pele.
Mesmo ela estando dentro da igreja.

“...Devia ter esperado isso de um Ádvena.”

Tendo se esquivado por pouco da conjuração que o garoto desencadeou em seus momentos finais, Menou cai no chão.
A parte da igreja no qual ela estava há poucos segundos atrás, sumiu completamente—do chão à parede e até mesmo o teto.
Não houve som quando a ideia de “nada” se manifestou. A borda ao redor da área desaparecida estava assustadoramente suave.

“Impressionante ele não ter morrido instantaneamente. Ele era realmente uma besta, mesmo entre aqueles com poderes excepcionais concedidos por um Puro Conceito.”

Ela se aproxima do garoto cuidadosamente e balança sua cabeça para confirmar que ele estava morto. Impelida com Força Etérea amplificada, a lâmina perfurou seu crânio e tirou sua vida.

“Suas últimas palavras foram 'por quê,' não foram?”

Ela verificou suas pupilas procurando por alguma reação.

“...Você estava certo: Esta igreja está abandonada há anos. Eu decidi usar o que restou dela para esta missão.”

Ela não demonstrava mais a expressividade alegre que havia mostrado a ele.
Ao invés disso, ela fala com um tom silencioso que combina melhor com suas características maduras e sua pele pálida.

“Eu também menti sobre arranjar um trabalho para você. Oferecer auxílio é um dos deveres da igreja, mas isso foi apenas um meio conveniente de ganhar sua confiança. Eu queria saber a sua habilidade antes de matá-lo, então eu precisava encontrar uma maneira de questioná-lo sem levantar suspeitas.”

Nenhum sinal de movimento em suas pupilas, nenhuma respiração, e nenhum pulso. Nenhum sinal de vida.
O garoto no chão era apenas um corpo.

“Afinal, alguns possuem habilidades que dificultam a sua morte total.”

O poder do garoto era o Puro Conceito de Nulo.
Era um poder aterrorizante que podia transformar qualquer alvo em nada. Se o usuário evoluísse e aprofundasse seus conhecimentos sobre o Puro Conceito, ele poderia até aprender a fazer algo como Nulificar a própria morte.

“Nós recebemos informações que os cabeças da Nobreza estavam planejando convocar Ádvenas. E nós confirmamos sinais da cerimônia de convocação na veia astral. Por isso eles enviaram alguém como eu para lidar com você.”

Inicialmente, ela planejou infiltrar o castelo, mas quando viu um jovem rapaz vestindo uma jaqueta escolar sair primeiro, suspeitou que pudesse ser uma armadilha. Ela o monitorou durante a noite antes de fazer contato. Então o atraiu para a igreja, sua base de operações, e analisou sua habilidade através da conversa.
Não havia necessidade de mais interação.
Seja como fosse, seria tolice dá-lo uma chance de descobrir suas habilidades. Assim que ela confirmou do que ele era capaz, era necessário eliminá-lo de uma vez.
Desde o princípio, ela se aproximou com a intenção de matá-lo.

“Você não fez nada errado.”

Tendo confirmado a sua morte, Menou fecha suas pálpebras suavemente.

“Não é culpa sua. Você não fez nada para merecer a morte. Eu sou a vilã, e você é a vítima.”

O garoto que estava sorrindo e ansioso pelo futuro há poucos momentos atrás, nunca mais se levantaria novamente. Menou roubou essa possibilidade dele.

“E ainda assim...”

Embora ela soubesse que tinha feito algo imperdoável, Menou continua suavemente, como se estivesse oferecendo condolências para o falecido.

“...A Espada de Sal que afundou o continente do oeste no mar. O Pandemônio que devorou o arquipélago do sul. A Sociedade Mecânica que controla a Fronteira Selvagem no leste. O Crepúsculo que arrancou o centro do continente do norte e o fez flutuar.”

Cada um desses títulos se referem a desastres lendários que ocorreram neste mundo.
Essas quatro calamidades foram causadas por forças sobrenaturais. As massivas cicatrizes deixadas através dos continentes eram tão surreais, suas destruições eram permanentemente gravadas na mente de qualquer pessoa que os testemunhasse. Apesar de cada fenômeno que causou cada um deles serem de natureza distintas, todos compartilhavam da mesma fonte.
Embora fossem da escala de desastres naturais, nenhum desses eventos aconteceram naturalmente.
Eles foram causados por Erros Humanos—calamidades artificiais trazidas por Ádvenas.

“...Sua raça simplesmente causou danos demais,” ela explicou para seus restos silenciosos.

Ádvenas. Enquanto alguns os veem como ferramentas potenciais, seus poderes os tornam tão perigosos que eles se tornaram alvos de eliminação.
Claro, Menou sentia um pouco de pena deles, pegos em uma batalha de poder em um mundo que não era deles. Mas ela nunca deixaria suas emoções a impedirem de completar sua missão.
Ela já havia determinado há muito tempo que ela devia tomar o papel de vilã.
Por isso que, apesar de fingir ser amigável para se aproximar do garoto, ela nunca perguntou seu nome.

“Ádvenas são entidades tabu que nós, como Executoras, devemos exterminar.”

Elas servem como assassinas da Primeira Classe, a Faust, e caçam essas ameaças humanas de qualquer maneira necessária.
Elas sempre estão ocultas nas sombras, e esta era a verdadeira identidade de Menou.

“...Se você realmente não tivesse habilidade alguma, eu não precisaria matá-lo.”

Seus murmúrios silenciosos carregavam um vestígio de tristeza pela falta dessa modesta esperança.
No fim, ele tinha uma habilidade. E além disso, assim que a ativou, ele claramente começou a expressar intenções de Nulificar os outros. Como efeito colateral de suas habilidades, o Puro Conceito começou a devorar sua alma, arrastando seus pensamentos para a ideia de Nulo. Em pouco tempo, sua alma teria sido completamente tomada, e ele poderia muito bem ter cometido atos que eventualmente levariam a criação de outro Erro Humano.
Menou puxou a adaga do crânio do garoto e limpou o sangue remanescente.
Enquanto ela fixava seus olhos em seu reflexo na lâmina, ela de repente se lembra do sonho que teve recentemente.
O sonho se passava em alguma sala de aula no Japão, em uma escola que ela nunca foi.
Todos estavam de uniformes diferentes. Haviam estudantes com jaquetas, blazers, uniformes de marinheiro... Apesar das suas vestimentas estarem em discordância, por algum motivo, nada parecia fora do lugar.
Quando ela entrou na sala de aula, todos pararam de conversar e olharam para ela.
O espaço era quente—silenciado pela falta de conflito. Ninguém estava armado. Ao invés de estarem imersos em seus estudos, todos estavam livres para passar o tempo da forma que desejassem.
Quando ela os cumprimentou, eles a receberam com sorrisos amigáveis, conversando sobre nada em particular.
Ela era amiga de todos na sala, e entre eles estava sua melhor amiga.
Elas eram muito próximas. Não havia segredos entre elas. Ver sua amiga alegre a deixava feliz. E sua amiga também ficava feliz quando ela estava de bom humor. Elas se entendiam pois ela sabia do passado trágico de sua amiga, e sua amiga tinha ciência de seus arrependimentos.
Ela conversa com sua melhor amiga sobre nada em particular enquanto esperam a aula começar.
Era um lugar que ela nunca havia visto antes.
Um mundo que ela nunca conseguiria tocar.
Ela sabia sobre esse lugar chamado Japão, apenas porque ela foi ensinada a matar as pessoas que vêm de lá.
Este sonho é uma materialização de seus pecados.
Na próxima vez que tiver esse sonho, ela tem certeza de que haverá outro membro na sala com um uniforme incompatível: um garoto com uma jaqueta.
Não havia mais nada além disso.

“Quanto a outra garota...”

Ela precisa procurar essa segunda Ádvena no castelo e tirar-lhe a vida.
Assim, a Executora começa a pôr em prática o seu próximo plano de ação, reconhecendo seu papel como vilã durante todo o processo.

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