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Capítulo 1 - A Deusa Branca




Poucas pessoas sabem a verdade sobre o mundo que agora só está acessível na forma de um MMORPG, que ele realmente existe.
Os que sabem incluem apenas a gestão do jogo, certos jogadores, algumas pessoas de escalões superiores do governo e militares... e algumas outras superpotências que, por acaso, tinham posto as mãos nas informações.
Ansioso por encontrar novas terras para incorporar e enviar seus cidadãos, uma dessas superpotências comprou e reuniu os cientistas e engenheiros anteriormente envolvidos com o projeto 『Mundo Paralelo』. Mas quando eles estavam prestes a fazer seu primeiro teste bem-sucedido, a 『Garota de Branco』 transformou toda a base de pesquisa militar em um deserto desolado.
Oficialmente, o país anunciou que foi um 『acidente』, que resultou na morte de 『trinta e cinco almas infelizes』, quando a verdade é que dezenas de milhares de pessoas tinham desaparecido, para nunca mais voltar, enquanto as perdas eram estimadas estar na faixa de trilhões de dólares. Foi um desastre nacional.

A nação tremeu de medo da sombra da 『Garota de Branco』 e lavou as mãos de todas as pesquisas relacionadas ao mundo paralelo.
Mas a superpotência vizinha não fez o mesmo. Eles sabiam o que havia acontecido, mas ainda desejavam as bênçãos do novo mundo. Eles continuaram seu trabalho com a maior discrição.
Este país tem vastas terras, mas não tem gente ou recursos naturais suficientes. O clima severo paralisou suas safras e, consequentemente, desacelerou o crescimento populacional, enquanto a falta de recursos não favoreceu suas indústrias. Eles foram forçados a sobreviver como um país militarista.
Eles desejavam os recursos do novo mundo. Ao mesmo tempo, eles também sabem ser muito mais circunspectos do que seu vizinho derrotado e a superpotência que primeiro descobriu o mundo paralelo.
Eles sabem que o primeiro país havia falhado na tentativa de ganhar energia infinita.
Eles sabem que seu vizinho havia falhado em um teste de conexão que foi considerado o primeiro passo em um plano para enviar cidadãos.
A superpotência supôs que, devido a um motivo ainda desconhecido, visto que quase não houve sobreviventes dos incidentes anteriores, o ato de se conectar ao outro mundo seria um convite a alguma forma de devastação dolorosa. Portanto, o país não pretendia fazer nenhum tipo de contato, eles apenas irão investigar as coisas que chegarem aqui do outro lado, e eles verão se eles podem ganhar alguma coisa com isso.

Um dia, em um complexo de pesquisas militares do país, certa coisa chegou depois de ser enviada por vários outros países.
As portas do contêiner se abriram. Sob as instruções dos pesquisadores, os soldados carregaram cuidadosamente o item para fora. É uma cápsula de hibernação usada para conexão RV, feita por um certo país. O vidro está embaçado, escondendo o conteúdo, mas havia um nome na cápsula. Um nome em letras latinas.
Dizia 『BRIAN』.


* * *



Yggdrasia, um mundo diferente. Um mundo sustentado pela 『Árvore do Mundo』 e pelas noventa e nove 『Mudas』. Um mundo protegido por uma Deusa artificial.
Antes, este mundo estava sob o domínio da raça humana, ladrões que monopolizaram as bênçãos da 『Árvore do Mundo』 para si próprios. Seu mana estava sendo consumido sem fim, e o mundo caminhava para uma lenta destruição. E uma vez que a Terra começou sua invasão silenciosa para coletar mana, isso apenas acelerou o processo.
Mas o apocalipse foi então interrompido por uma pessoa, uma garota solitária que se chamava Dama Sombria. Por sua Ascenção em uma Deusa, ela protegeu o mundo.

O reino ascendente dos humanos foi interrompido quando o mundo foi devastado pelo que mais tarde seria chamado de 『A Grande Guerra da Dama Sombria』. Agora, os humanos podem continuar vivendo longe das bênçãos da 『Árvore do Mundo』, sob a supervisão daqueles que um dia sofreram sob suas mãos, que um dia foram seus escravos: a União dos Demi-humanos.
A paz havia chegado ao mundo. No entanto, após a Grande Guerra, três anos foram suficientes para os gananciosos e os corruptos começarem a esquecer a lição dolorosa que aprenderam.

No fundo de uma floresta, as ruínas de um povoado simples ficaram de pé. Seus antigos habitantes vivem em tendas nômades e, portanto, não havia nenhum sinal de uma casa em pé. Tudo o que restou na grama foram os vestígios de uma mesa de toras improvisada e o local de trabalho de um açougueiro.
Ao lado deles havia uma pequena tenda, tão nova que parece deslocada. Seu tamanho sugere que não é para ser uma habitação permanente, mas sim para viagens.

A manhã chegou. Um menino apareceu de dentro da tenda. Ele caminhou até o riacho próximo para pegar água.
Ele parece ter cerca de dez anos de idade. Seu físico esguio e orelhas compridas e pontudas sugerem sua ascendência élfica, uma raça demi-humana. Embora os elfos tenham uma vida longa, as crianças élficas ainda crescem tão rápido quanto os humanos, então o menino é realmente tão velho quanto sua aparência sugere.

O nome do menino é Yol. Quando o mundo ainda era o domínio dos humanos, ele havia vivido aqui com várias outras famílias, se escondendo dos olhos dos humanos.
Na época, além dos bebês, Yol era a única criança na aldeia. Ele não tinha idade suficiente para ajudar muito, então ele passava seu tempo apenas pegando lenha e frutas sozinho.
Então, um dia, o que parecia ser uma criança apareceu na frente dele.
Seu rosto e corpo estavam escondidos sob uma capa. Ele realmente não sabia ao certo se ele era realmente uma criança - ele só sabia que era pequeno. Ele não falava, não fazia barulho, não o deixava chegar perto. Os gestos que ele fazia em resposta às suas palavras eram a única maneira do Yol saber que ele o entendia.
A estranha forma infantil só aparecia na floresta quando o Yol estava sozinho.
Então, um dia, ele ouviu dos adultos que alguns caçadores de escravos humanos estavam prestes a atacá-los, e que eles foram derrotados por um 『monstro de névoa branca』. Yol imediatamente pensou que aquela criança fosse o Espírito da Floresta, e como um sinal de sua amizade, ele deu a ele um Nome. Ele prometeu que eles se encontrariam novamente.

Depois que a ameaça humana passou, Yol agora está livre para viajar pelo mundo.
Ao mesmo tempo, os monstros ainda continuaram a ser um perigo, e também havia alguns humanos que se irritaram sob o domínio dos demi-humanos e escaparam para a floresta para viver como bandidos.
Yol queria visitar a floresta onde ele viveu. No início os adultos não permitiram, citando sua juventude, mas quando ele fez dez anos e aprendeu magia, ele finalmente obteve permissão, mesmo que apenas por alguns dias, para visitar a floresta. Mas depois de chegar e ficar por alguns dias, o amigo que ele pensava estar morando na floresta ainda não tinha aparecido.
No último dia, houve um encontro inesperado.

* snap *

Ouvindo o som de galhos quebrando, Yol olhou para cima. Não foi o amigo que ele estava esperando, mas vários demi-humanos.

"Ei, garotinho. Você é um elfo, não é? Por que você está aqui sozinho?" (Demi-Humano)
"... quem são vocês, senhores?" (Yol)

Eles são homens-fera felinos vestidos com o que parecem ser trajes de caçadores. No entanto, ele achou estranho que os caçadores entrassem tão profundamente na floresta, e não só isso, ele também notou um homem corpulento atrás do grupo, seu rosto escondido sob um capuz que brilhava como se fosse feito de couro molhado. O homem causou arrepios nas costas do Yol.

"Oh, não se preocupe, garoto, nós estamos indo apenas para visitar os elfos que viviam nesta floresta. Ouvimos dizer que eles se mudaram para esta área. Onde está sua família agora?" (Demi-Humano)
"... Morávamos aqui até três anos atrás. Ninguém está aqui agora" (Yol)

O homem que conversou com o Yol estreitou levemente os olhos. Um momento depois, os homens-fera felinos atrás dele começaram a discutir.

"Puta que pariu, quem diabos disse que havia elfos aqui?! Puta perda de tempo!" (Demi-Humano)
"Não é minha culpa! Não há como saber o quão atualizadas são as informações sobre os elfos fora das cidades!" (Demi-Humano)
"Cale a boca, vocês dois, o garoto vai descobrir. Acabei de deixá-lo calmo" (Demi-Humano)
"S-senhor?" (Yol)

O olhar do homem de voz gentil agora está gelado. Yol deu um passo para trás. Uma flecha voou da direção dos homens e atingiu o chão perto de seus pés.

"Agora, fique aí", o homem-fera felino com o arco então se virou e se curvou para o homem encapuzado atrás dele. "Desculpe chefe, nenhuma garota elfa aqui. Apenas uma criança" (Demi-Humano)
"Está tudo bem, merdas acontecem. As crianças também vendem por um preço decente. A vida tem sido confortável o suficiente nos dias de hoje para os pervertidos começarem a aparecer, então há uma boa demanda agora" (Chefe)

O homem encapuzado tirou o capuz, revelando uma pele cinza coberta por escamas.
Ele é um homem-peixe. Uma raça que divide o mar com os tritões.
Em contraste com os tritões, cujas metades inferiores são as de um peixe, a raça dos homens-peixe tem pernas, permitindo-lhes caminhar em terra. Eles ainda não podem ir muito longe da água, no entanto, e viagens mais longas exigem que usem um casaco com tratamento especial.
Então, por que o homem teve todo esse trabalho, deixando sua casa tão para trás?
Ele é um mercador de escravos.

Os tritões são, como regra, todos lindos, e por isso são frequentemente caçados para serem escravos e animais de estimação para os humanos. Por outro lado, o máximo para o qual os homens-peixe são úteis é simplesmente para trabalhar, e apenas perto da água. Foi por isso que evitaram o mesmo destino. E como eles não participaram da Grande Guerra, eles sobreviveram com sua riqueza e poder intactos.
A guerra havia reduzido drasticamente a população de humanos e demi-humanos, mas não o povo peixe. Depois de ingressar na União Demi-humana, sua influência cresceu em virtude de ser a única raça com sua população e riqueza intactas. Eles usaram seu dinheiro para comprar ferramentas mágicas que haviam sido deixadas para trás pela raça humana anteriormente dominante e começaram a se aproximar da prosperidade que os humanos outrora possuíam. E, assim como os humanos, eles pensaram em fazer das outras raças seus escravos.
A paz havia chegado ao mundo. Mesmo os homens-fera, aqueles que deveriam ter entendido a dolorosa lição melhor do que qualquer outra pessoa, começaram a se perder em seus desejos. Eles estavam prestes a repetir a história mais uma vez.

"P-Por que você está fazendo isso?! O mundo é protegido pela Deusa—" (Yol)

Encontrando coragem, Yol começou a gritar, mas o primeiro homem o silenciou com um tapa.

"Cale a boca. Ela foi uma daquelas que quebrou o mundo em primeiro lugar, e agora você me diz para adorá-la? Você acha que eu sou um idiota?" (Demi-Humano)
"M-mas...", Yol choramingou.
"Ei, não danifique a mercadoria" (Chefe)

O homem-peixe falou, tendo se aproximado do Yol. Ele segurou as bochechas do menino e virou seu rosto lacrimejante para cima.

"Lamentavelmente, nós, homens-peixe, nunca encontramos aquela Deusa Branca ou qualquer que seja o nome dela. Não dá para acreditar em uma deusa que você nunca viu, entende? E, além disso, não ouvimos nada sobre ela em todos esses três anos. Tem certeza que ela não morreu junto com aquele Deus Maligno que ela lutou?" (Chefe)

Yol mordeu os lábios em frustração. O Herói humano chamado Gold é alguém que o Yol realmente admira, e ele se orgulha do fato de ter lutado junto com a Dama Sombria que se tornou a deusa. Gold disse a ele que ela perdoou todos os males que os humanos fizeram, que ela é uma verdadeira Deusa que salvou este mundo de sua ruína predestinada.
Então por que esses demi-humanos estão fazendo isso? Por que eles estão repetindo a mesma tolice da raça humana que antes odiavam? Por que eles estão zombando de tudo que a Deusa havia feito?
Yol sussurrou. Ele reverentemente pediu perdão à Deusa e pediu desculpas ao amigo que ainda não tinha encontrado.

Perdoe-nos, Deusa, temos sido ingratos com a nossa salvadora... e sinto muito, meu amigo. Eu não acho que posso manter essa promessa agora...

—Não se preocupe. Eu te escutei—


"... Eh?" (Yol)

Yol ergueu o rosto. A voz feminina parece ter vindo de todos os lugares e de lugar nenhum, mas nem todos os outros parecem ter ouvido. O primeiro homem-fera agarrou o braço do Yol e rosnou.

"Fique de pé. Tenho certeza que você sabe onde estão as outras aldeias élficas... espere, o quê?" (Demi-Humano)

Sentindo um arrepio repentino, os homens ergueram os olhos, olhando ao redor. Uma névoa branca começou a envolver a área.

"O que está acontecendo? Por que há névoa?" (Demi-Humano)
"E-ei! Eu não consigo me mover!" (Demi-Humano)

Todos se voltaram para o grito de pânico. Um homem-fera felino ao lado estava rapidamente sendo coberto por uma geada branca. Suas pernas estão congeladas no meio de um passo.

"A-Alguém, ajude-" (Demi-Humano)

O gelo percorreu todo o seu corpo, congelando-o enquanto sua mão se estendia em um pedido desesperado de ajuda, e a estátua de gelo caiu para frente. Ele se estilhaçou em poeira branca.

"O-o que..." (Demi-Humano)
"O que é aquilo?!" (Demi-Humano)

Os homens olhavam estupefatos. Aparecendo de dentro da névoa está uma garota vestida com um vestido escarlate com olhos vermelhos e cabelos brancos como a neve, seus passos sem pressa.
A menina parece ter cerca de quinze, talvez dezesseis anos. Adornando suas feições graciosas está um par de orelhas compridas e caídas, como as de um coelho.
Não havia homem-fera coelho neste mundo, com uma única exceção: a garota que se opôs à humanidade, que tinha sido o Escárnio de dois mundos diferentes. Antes chamada de Dama Sombria 『Coelha Branca』, todos agora a conhecem com um nome diferente.

"A-A Deusa Branca?" (Demi-Humano)

- [Flor de Fogo] -

A chama irrompeu da divina mão esquerda da Deusa, transformando um homem-fera felino em pétalas em chamas em um piscar de olhos. O primeiro homem-fera estendeu as mãos em direção a ela como se implorasse por perdão, e as pétalas ardentes começaram a se espalhar de seus dedos, purificando sua alma maligna. Chamas de misericórdia queimaram até que ele não existisse mais.

"N-não, não, não, não fiz nada de errado, são eles, são eles!" (Chefe)

O último restante, o homem-peixe, tremeu de terror, divagando e dando desculpas meio formuladas. Ele tentou fugir. A Deusa apontou o dedo direito para as costas dele.

- [Flor da Geada] -

"Não é minha cul-" (Chefe)

O homem-peixe foi interrompido pela forte nevasca vinda da mão direita demoníaca da Deusa que o engoliu inteiro. Tudo dele, até sua alma, se desfez em pétalas de gelo e se dissipou. Nem uma partícula de si mesmo permaneceu.

"D... Deusa?" (Yol)

Yol só conseguiu murmurar em espanto quando a Deusa Branca eliminou os caçadores de escravos demi-humanos em um piscar de olhos. Ela afagou suas bochechas coradas e sorriu.

"É bom te ver de novo" (Shedy)

Ela sussurrou, e a Deusa Branca desapareceu na névoa branca.
Yol ficou imóvel, observando sua partida enquanto suas bochechas ainda queimavam. Suas palavras acionaram algo em sua mente.

"... Shedy?", ele murmurou.

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