- Capítulo 4

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Presságio




???: “Desculpe pela demora. Por favor entre, Miss Shirley”
Shirley: “Sim”

Meio hora antes de escurecer, e depois de ela ter cortado a cabeça do general Ogro que ameaçou atacar a cidade, Shirley entra na sala dos fundos da igreja atrás da Guilda de Aventureiros, que está sendo usada como uma sala de reuniões.

???: “Obrigado pelo seu trabalho duro. Por favor, sente-se”

Um homem da Guilda está sentando próximo a um sacerdote na sala, com uma grande pilha de papéis na mesa em frente deles.
Uma forma simples de descrever o trabalho que esses homens fazem é: garantir que trabalhos que são reportados como completos estejam realmente finalizados.
Diferente das missões simples, como procurar metais preciosos ou ervas medicinais, qualquer pedido que envolva a subjugação de monstros ou demônios deve ser verificado com a presença de um sacerdote.

Sacerdote: “... 《Verdade➔Penetre》... Nós estamos prontos para começar. Quando você estiver pronta”

Seguido desse pequeno encanto, o sacerdote segura seu pequeno báculo, cuja ponta começa a brilhar.
A magia clerical que é usada em serviço da Deusa, conhecida como Mãe Etérea, tem muitas aplicações práticas, indo desde curar feridas a até se livrar de maldições, e é usada em várias profissões, se estendendo desde os aventureiros até ao governo.
Dessa vez, o sacerdote usa [Pressentir Mentira] para poder distinguir a verdade da falsidade.
A Guilda não aceita troféus, como chifres e orelhas, como prova de que a missão foi concluída. E não é nem necessário dizer que ter aventureiros andando pela cidade com várias cabeças frescas criaria medo em qualquer observador.
É muito mais fácil e prático confirmar a verdade usando magias como essa, do que depender da prova física que em alguns casos pode ser pesada demais para se trazer de volta para a cidade.

Homem: “Então, por favor, faça seu relatório, se quiser”
Shirley: “A missão de hoje foi eliminar um Ogro cujo território começou a se expandir gradualmente em direção à cidade, assim como a eliminação dos monstros subordinados a ele. Além do próprio Ogro, eu também exterminei 24 Goblins e 13 Lobos Gigantes. Até onde sei, nenhum deles escapou”

Enquanto Shirley desinteressadamente reporta a informação sem pausas, o sacerdote concorda com sua cabeça intermitentemente.

Sacerdote: “Eu juro pela Mãe Etérea que as palavras dela não contém traição”
Homem: “Entendido. Bom trabalho lá Shirley. Agora, como sempre, leve isso com você”

Terminado seus negócios, Shirley recebe um relatório com uma insígnia vermelha de uma espada e uma varinha cruzadas... o emblema da Guilda.
Entregar isso à recepção oficialmente completa a missão, e o aventureiro é pago na mesma hora. Esse tipo de relatório de vários estágios não existe desde sempre, foi implementado bem cedo, depois de várias ocorrências de aventureiros fraudulosamente afirmarem terem concluído as missões.

Shirley: “Eu completei a missão”
Yumina: “Obrigada pelo seu trabalho duro! Derrotar o Ogro sozinha significa que você ganha a recompensa que era para uma equipe inteira!”

Depois de olhar pelo canto do olho para a fila de aventureiros esperando para conversar com Yumina atrás dela, Shirley dá uma rápida olhada, confirmando o pagamento, e sai sem falar nada.
Enquanto ela caminha para casa, o céu da tarde lentamente ganha um tom de vermelho, o sol poente ainda ilumina as brilhantes ruas. A missão terminou mais cedo do que ela esperava, e ela entusiasmadamente pensa sobre o que vai fazer de jantar para as suas garotas.
Depois de deixar sua recompensa na pousada, ela volta, sem nem mesmo dar tempo para seus pés descansarem, em direção à agitação dos mercados que ainda operam com a pouca luz restante do dia.
Enquanto a produção de armaduras, armas, melhorias de drogas e poções de cura seja muito ativa nessa cidade fronteiriça, o suprimento de comida é proporcionalmente escasso.
Embora existam pastos ao redor da cidade, eles não conseguem suprir a demanda sozinhos. A única maneira de suprir essa cidade fronteiriça com comida suficiente para sobreviver é importando de cidades e áreas rurais próximas, que, inevitavelmente, acabaria aumentando o preço... Se não fosse pela Guilda subsidiando fortemente os mercadores que fazem a viagem.
Por esse motivo, a comida aqui é mais barata do que no lugar em que foi feita.

Shirley: “Esse queijo realmente é barato, não é?”

Misturada entre as donas de casa lutando pelos produtos mais baratos, a linda mulher com cabelo branco e olhos diferentes parece incrivelmente fora do lugar.
Ignorando completamente os olhares dos transeuntes, ela vai de uma tenda à outra procurando por pechinchas.

Shirley: “Huhu...”

A boca da Shirley se torce em um sorriso estúpido enquanto tem seus braços cheios de sacolas que contém vegetais, queijo e frango, comprados com algumas das moedas ganhas pela batalha de hoje.
A pousada disponibiliza farinha e ovos para uso. Da última vez foi ensopado de carne, a comida favorita da Sophie. Então dessa vez o jantar vai ser o favorito da Tio, torta de carne.
Ir a um mercado, comprar ingredientes e pensar em receitas para suas filhas... É uma vida que ela nunca poderia imaginar como uma nobre ou como noiva do Príncipe herdeiro.
Mas, só de pensar no sorriso feliz das suas filhas já é o suficiente para fazê-la passar o dia.

Sophie: “Ah! Mamãe!”

Sophie chega correndo atrás dela enquanto ela volta para casa com as suas compras.

Sophie: “Bem vinda de volta! O seu trabalho de hoje já acabou?”
Shirley: “Sim. A Tio não está com você?”
Sophie: “Nop. Ela disse que tinha algo para fazer”

Se lembrando dos eventos dessa manhã, o lado demoníaco da Shirley começa a escapar um pouco, mas em pânico, ela o restringe.
Se é a escolha da sua filha, ela não tem direito em interferir...

Sophie: “Ah, é o jantar de hoje?”
Shirley: “Isso mesmo, eu estou pensando em fazer torta de carne”
Sophie: “Boo... Ensopado de carne seria melhor”

Mesmo que ela esteja, de certa forma, tentada por aqueles grandes e azuis olhinhos de cachorro que Sophie brinca ao fazer, seu desejo de ser justa como uma mãe a faz rejeitar o pedido de sua amada filha.

Shirley: “Nós tivemos ensopado ontem, então hoje vai ser o favorito da Tio”
Sophie: “Acho que não posso fazer nada... Como uma irmã mais velha, eu tenho que ser gentil!”
Shirley: “Se é assim, você pode fazer a gentileza de levar uma dessas sacolas?”

Uma cena de mãe e filha andando lado a lado, com a luz do sol poente refletindo em seus brancos cabelos. Com suas roupas comuns e aparência gentil, elas parecem com uma família normal e feliz.
Deixando de lado sua beleza estonteante, elas são só uma alegre família que você pode achar em qualquer lugar. Se você não as conhecesse, você nunca pensaria que aquela mãe é uma guerreira que se banhou no sangue de monstros algumas horas atrás.

Sophie: “Ah”

Sophie para de repente. Ao longo da linha de lojas, Sophie encara a loja que vende vários ornamentos e joias.

Shirley: “Tem algo sobre aquela loja?”
Sophie: “Eh!? Ah, não, não é nada!?”
Shirley: “...”

Enquanto passam pela vitrine da loja, Shirley não deixa de notar o rosário incrustado de jade que é colocado como peça de exposição.
Caso Sophie quisesse comprar um acessório simples para a escola, ela poderia compra-lo já que ganha uma moeda de ouro como mesada..., mas parece que ela tem interessa na coisa genuína, e não em uma réplica barata.

Shirley: (Diga-se de passagem, aqui no Reino tem um certo costume para quando alguém atinge a maturidade, não tem...?)

Embora Shirley não conheça todos os detalhes, já que nasceu no Império, no Reino há um costume de presentear sua criança ou estudante de magia e artes marciais, um presente encravado com seus nomes quando eles atingem a idade adulta.
Algo em que eles podem se agarrar e lembrar de você, mesmo estando separados. Tentando mandar bençãos a aqueles que se mudaram para longe, algumas pessoas vão longe até o ponto de mandar, todos os dias, novos itens encravados para esses jovens.

Shirley: (...Talvez seja uma boa ideia me preparar desde cedo?)

Shirley faz sua decisão.
Não é sábio se comprometer com despesas em um futuro longínquo, quando você não tem nem mesmo certeza do que vai acontecer amanhã.
Mas, para suas duas filhas, que ela passou por tantas dificuldades para trazer ao mundo, ela não poupará despesas.

Shirley: (Eu mesma vou juntar os materiais e vou contratar o melhor artesão do país... Vai ser a declaração definitiva de amor materno...!)

Mesmo que itens simples de madeira ou comprados em loja normalmente sirvam, a aventureira conhecida como a Espada Branca Demoníaca jura que suas filhas só terão o melhor de tudo.
Nem mesmo o nobre mais obsessivo do mundo iria reunir todos os matérias ele mesmo, mas infelizmente, não há ninguém para dizer isso.

Shirley: (Para começar, eu deveria ir até a Mina Jewelsaad... Pensando bem, não é lá um dos lugares que a Yumina disse que encontraram um Dragão?)

Shirley imagina uma recepcionista aceitando, com lágrimas nos olhos, o formulário de registro de missão, como se fosse a coisa mais feliz que já aconteceu com ela.
A Mina Jewelsaad pode ser descrita como um baú de tesouros naturais, contendo grande parte do suprimento natural de gemas preciosas e metais raros do Reino.
Mas devido a ser muito remota e ter cavernas extremamente profundas, tornou-se um local habitado por muitos monstros, e aparentemente por um Dragão, então na verdade ninguém pode reivindicar propriedade de lá.
Mesmo que cada mercador, nobre e membro da família real não deseje nada mais além de reivindicar os tesouros da montanha para si, devido às dificuldades envolvidas, eles não têm escolha a não ser pedir para que os aventureiros os recolham.

Shirley: (E além disso, também tem a recompensa da Guilda..., mas que sorte. Amanhã de manhã eu vou aceitar a missão e então vou ir minerar algumas gemas... E suponho que também posso matar o Dragão depois.)

Para Shirley, todo o assunto envolvendo o Dragão não é prioridade. Enquanto sua mãe tem seu dedo em seus lábios ao contemplar o trabalho do próximo dia, Sophie inclina sua cabeça para o lado e pergunta:

Sophie: “Mamãe? Tudo bem? Você está quieta já faz um tempo...”
Shirley: “Ah, não se preocupe, não é nada”

Querendo manter segredo, Shirley entra novamente na pousada com sua filha.


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Conforme a noite vem, e o número de aventureiros em fila lentamente diminui a nada, Yumina fecha a loja por hoje com um pesado suspiro.
Hoje ela foi repreendida pelo chefe regional da Guilda.

Chefe: “Por diabos você não promoveu a Espada Branca Demoníaca para o Ranque A, sendo que ela é mais forte que todos os guerreiros!?”

Ou algo nesse sentido.
Normalmente a guilda respeita as decisões dos seus membros, portanto existem muitos guerreiros fortes no ranque B, que não tem desejo de serem promovidos ao ranque A e perder sua liberdade.
Embora Shirley se considere outra desses amantes de liberdade do ranque B, a Guilda não pode simplesmente ignorar uma pessoa que faz uma equipe de Elite de ranque A parecer uma piada, ao derrotar monstros de classe Calamidade sozinha. A Guilda começou a colocar uma pressão gigantesca na Yumina para que a promoção seja feita.

Yumina: “Ahhh droga... Mesmo que eu esteja tentando o meu melhor, eles têm alguma ideia do quão teimosa ela é?!”

Yumina repete uma maldição em sua mente para que o chefe regional sofra de calvície prematura.

Yumina: (Mas, honestamente, tem um pouco de verdade no que o chefe disse)

Mesmo que ela mesma não seja uma mãe, como uma mulher, ela consegue simpatizar com a Shirley querendo gastar o máximo de tempo possível com suas filhas.
No entanto, a Guilda de Aventureiros é uma organização dedicada a salvar pessoas, e para isso, são precisos guerreiros habilidosos em que se possa contar para lidar com as emergências.
Yumina conhece a Shirley por mais de cinco anos, e desde que ela foi designada para esta cidade, Shirley sempre esteve no ranque B.
Shirley, aquela que matou o Furioso Dragão Negro que habitava nas montanhas, tomou a cabeça da Horrenda Princesa Vampira, e limpou uma masmorra considerada impossível, ela fez todas essas coisas, sozinha. Yumina sente uma admiração profunda por essa mulher que conseguiu conquistar tudo isso.
Não importa o quão impaciente a Guilda esteja para promove-la, mesmo que ela atenda os pré-requisitos de formar uma equipe para a promoção para o ranque A, ainda há o problema da sua total falta de disposição para avançar nos ranques.

Yumina: (Eu espero que ela pelo menos forme uma equipe algum dia...)

Mas a capacidade da Shirley para cooperação parece ser incrivelmente baixa, mesmo que ela faça seu melhor para restringir aquela atitude dela, ela não tem muitos conhecidos para falar com.
Ela raramente conversa com outros aventureiros e nunca foi convidada para uma equipe. E isso tudo é natural.
Não importa o quão incríveis as habilidades e aparências de alguém possam ser, para os aventureiros, ter alguém que não consegue trabalhar em equipe no seu grupo é o mesmo que desejar a morte.
Nenhuma equipe quer se sabotar adicionando um elemento tão instável à mistura. É difícil de defende-la se você olhar por esse lado.
No entanto, ela ainda vai continuar a encorajar a Shirley para encontrar uma equipe. Talvez, se ela for guiada no sentido de cumprir os requisitos para se tornar uma aventureira de ranque A, e com muita persistência, ela também acabe aceitando a promoção.
Isso é o que Yumina espera alcançar.

Yumina: “Um aventureiro que pode trabalhar e se dar bem com a Shirley.... Que ainda não está em um grupo... Certo!”

Mesmo que o horário comercial da Guilda já tenha acabado, ela é a responsável por fechar tudo hoje. Então ninguém vai reclamar se ela sair tarde.
Yumina pega uma ferramenta mágica de trás do balcão. É um amplificador magico que está conectado a um fio, ele permite que alguém fale com outra pessoa que tenha um aparelho semelhante a muitos quilômetros de distância.

Yumina: “Alô, bom di- Espere, não é isso. Mestre da Guilda? Sim, tem algo sobre o qual eu preciso pedir a sua permissão...”

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