O dragão se contorce violentamente no chão, mas está muito ferido para voar novamente. Eu curo o Lex com minha mão esquerda primeiro. Então, sob a proteção vigilante de todos, eu cautelosamente me aproximo da besta ferida e a toco.
A purificação foi um sucesso.
Entre seu escudo de névoa e níveis de resistência aterrorizantes, este dragão era bem diferente do último, mas todo o resto continuou o mesmo depois de purificá-lo. Depois de emitir um flash de luz deslumbrante, ele se divide em um bando de pássaros. O que costumava ser um dragão desapareceu.

"Conseguimos! Nós ganhamos!" (Mizuha)
"Você foi a mais legal, Chefa! Senhorita Nady também foi com tudo!", Rosso exclama.
"A Deusa ganhou o dia! A deusa da Íris é a melhor!" (Íris)
"Vocês todos viram meu glorioso golpe que matou o dragão?! Esse é o poder do meu amor meu da MiZUha!" (Keith)

Todos comemoram em voz alta agora que a ameaça iminente se foi. Ignorando as pessoas que ainda estão proferindo delírios, posso entender a emoção que o resto sente depois de derrubar um segundo dragão poderoso. Dito isso, ainda não estamos completamente fora de perigo. Eu trago meu dedo indicador - da minha mão não fedorenta, é claro - para o meu lábio e me dirijo ao grupo.

"Calma, rapazes!" (Mizuha)

Os zumbis que infestam Cladorca parecem menores do que feijões pretos à distância, mas estão caminhando lentamente em nossa direção. Parece que o efeito sagrado se dissipou com a água da nascente, já que a maioria dos zumbis recuperou sua marcha lenta habitual. Um bom número já saiu da água. Definitivamente, não é mais seguro.

"Recuem assim que terminarmos de coletar os pássaros purificados! Por favor, se apressem!", Comandou Lex.

Os soldados começam a trabalhar rapidamente. Eles dividem centenas de sacos e juntam os pássaros dentro deles. Eu me sinto mal com a forma rude que eles estão sendo tratados, mas não podemos arriscar que eles voem e formem um terceiro dragão.
Eu me pergunto se este mundo tem tantos pássaros quanto a Terra? Se tiver, então teremos um futuro assustador cheio de dragões à nossa frente. Enquanto estou tremendo com aquela premonição horrível, ouço muitos ofegos pesados. Procurando pela fonte, vejo meus seguidores chegando ao nosso local parecendo abatidos.

"Haa... haaa... finalmente conseguimos..." (Crente)
"B-bom. Todos, peguem suas estátuas. Vamos proteger a Deusa Mizuha...!" (Crente)
"Sim...", os fanáticos entoam em vozes fracas. Tenho muito a dizer sobre eles erguendo minhas estátuas no ar como armas sem corte, mas eles parecem tão patéticos agora, eu não posso fazer isso.
"Ei pessoal. Odeio ser a portadora de más notícias, mas acabamos de vencer os dragões e já estamos voltando para casa", digo a eles.
"C-como isso poderia ser...?" (Crente)
"Então... eu preciso que vocês deem meia volta e marchem de volta para casa" (Mizuha)

Eu sinto muito por eles, mas foram eles que escolheram isso. Eles não têm escolha a não ser correr de volta para casa também. Enquanto observo suas costas desamparadas marchando em direção à Capital Real, algo que vejo com o canto do olho me chama a atenção. Nady e Theos estão se encarando, por mais estranhos que possam ser.

"... Pai" (Nady)
"Você fez bem, Nady" (Theos)

Os olhos da Nady saltam como se ela nunca esperasse ouvir essas quatro palavras da boca de seu pai. Receber seu elogio deve deixá-la feliz, mas sua expressão é mais dolorida do que qualquer coisa.

"Essa experiência me ensinou que ainda não suporto atirar em uma criatura viva e em movimento", ela confessa. "É muito difícil para mim quando penso que parou de se mover por minha causa..." (Nady)
"... Você cumpriu seus deveres gloriosamente. Sua vida é sua para viver daqui em diante" (Theos)

Essas palavras foram feitas para afastá-la, mas Theos disse isso com o bem-estar de sua filha em mente. Do fundo do coração, ele quer que ela viva a vida à sua maneira, livre de obrigações por ser sua filha. Nady tem profundas reservas contra atirar em criaturas vivas, então eu esperava que ela aceitasse com alegria o presente de liberdade do Theos.

"Eu odeio isso, mas... mas ao derrotar aquele dragão... com as habilidades que você me ensinou, fui capaz de salvar a vida da minha melhor amiga" (Nady)
"... Nady" (Theos)
"Portanto, continuarei a ser uma arqueira, para proteger o que é mais importante para mim" (Nady)

Pela primeira vez, Nady olha o pai nos olhos, apesar de sempre ter desviado o olhar dele. Seus punhos cerrados com força mostram quanta coragem ela precisou para dizer isso. Impulsionada pelas emoções inomináveis borbulhando de dentro de mim, jogo meus braços em volta do pescoço da Nady.

"M-Mizuha?" (Nady)
"Eu só tinha que te abraçar! Desculpe se eu estiver fedendo..." (Mizuha)
"Lá vai você trazendo o seu cheiro de novo. Eu disse que não me importo", ela me aperta de volta com um sorriso feliz.

Muitos dos Lucors chamavam a Nady de covarde, mas eu sei que não é verdade - ela é apenas gentil por completo!

"Minha mente permanece a mesma. Você é livre para escolher o caminho que mais lhe convier", repete Theos. Ele realmente não mudou muito suas palavras, mas sua expressão se suavizou. O sorriso suave brotando no rosto da Nady prova isso.
"... Eu vou!" (Nady)

A questão de saber se a Nady usará o arco ou não é com ela. O que quer que ela escolha, ela sempre será minha amiga. O fato de que seu pai finalmente a reconheceu é a melhor coisa que aconteceu hoje. Nady e eu trocamos um olhar e sorrimos.
Enquanto isso, Lex e os soldados parecem ter terminado de encerrar os preparativos para voltar para casa. Quase todo mundo se reuniu na área. Eles parecem quase ilesos. Mesmo assim, esta ainda foi uma operação extremamente perigosa.
Eu levanto minha voz para que todos ao redor possam ouvir.

"Obrigada a todos por participarem nesta missão por mim!" (Mizuha)